Traumatizante
As fracturas expostas no serviço de Ortopedia não se resolvem com gesso e ligaduras
Boa noite!
O serviço de ortopedia na Região continua com fracturas expostas que alguns entendidos imputam a desleixos estruturais, ao não rejuvenescimento das equipas, à fuga de especialistas, à perda de referências, ao cansaço acumulado, enfim, a uma mistura explosiva de factores críticos que potencia a tão temida, mas possível, negligência.
Os médicos dizem-se esgotados. E não é para menos. São poucos. Durante este mês um só ortopedista assegura 17 turnos de 24 horas. Será isto legal, admissível e tolerável? Onde anda a Ordem? E o Ministério Público?
Há quase 4 mil cirurgias em atraso num serviço sem mãos a medir e, ao que consta, sem tempo disponível para fazer tudo como mandam os compêndios. Mas não só. Enfrenta as limitações decorrentes de um hospital com manta curta e de gestão por vezes condicionada por maus hábitos instalados. Onde anda a tutela que, por norma, exibe que tem tudo controlado?
Na ortopedia sempre muito concorrida e da qual sobram, de quando em vez, razões de queixa, a instabilidade e a contestação é um filme já visto, mas que se repete. A prova é que o director do serviço foi afastado ou afastou-se, mas entretanto terá sido recuperado ou manifestado disponibilidade para retomar o exercício de funções. E andamos nisto, como se fosse normal.
Alguém em seu perfeito juízo acha que é com gesso e ligaduras que endireita de uma vez por todas, um problema que importa operar e, no caso em apreço, abordar com profundidade, seriedade e urgência? Alguém acredita que este é o único e dramático problema que afecta o SESARAM? Alguém resolve sem demoras o que compromete a boa saúde colectiva?