Londres, Paris e Berlim condenam expansão do programa nuclear iraniano
Os Governos britânico, francês e alemão condenaram hoje a expansão do programa nuclear iraniano, depois de a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) confirmar que Teerão começou a produzir urânio enriquecido a 60% na central subterrânea de Fordo.
Numa declaração conjunta, o Reino Unido, França e a Alemanha "condenam as últimas medidas do Irão, confirmadas pela AIEA, que visam uma nova expansão do seu programa nuclear".
A AIEA confirmou que o Irão começou a produzir urânio enriquecido a 60% numa central subterrânea de combustível de Fordo, além da produção iniciada em Natanz desde abril de 2021.
Ao aumentar a sua capacidade de produção, o Irão "tomou novas medidas significativas que esvaziam" o acordo sobre o programa nuclear iraniano de 2015 "do seu conteúdo", consideraram os executivos de Londres, Paris e Berlim.
"A decisão do Irão de aumentar a sua produção de urânio altamente enriquecido nas instalações de enriquecimento subterrâneas de Fordo é particularmente preocupante", segundo os três países europeus, para os quais se trata de um "desafio para o sistema internacional de não-proliferação" de armamento nuclear.
Esta medida, que apresenta "riscos significativos de proliferação, não tem qualquer justificação civil credível", prosseguiram.
"A apresentação desta escalada como uma reação à adoção pelo Conselho de Governadores da Agência Internacional da Energia Atómica de uma resolução apelando para a cooperação do Irão quanto às garantias é inaceitável", sustentam as três capitais europeias, recordando que "o Irão tem uma obrigação legal, no âmbito do Tratado sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares, de aplicar totalmente o seu acordo de garantias".
"Continuaremos a consultar os nossos parceiros internacionais sobre a forma de responder à continuação da escalada nuclear do Irão", concluem os três Governos europeus.
No ano passado, o Irão anunciou ter começado a produzir urânio enriquecido a 60% no complexo nuclear de Natanz (centro), aproximando-se dos 90% necessários para fazer uma bomba atómica.
Este nível de enriquecimento de urânio de 60% ultrapassa largamente o de 3,67%, definido no acordo de 2015 entre Teerão e as grandes potências que visava impedir o Irão de se dotar de armas nucleares.
O Irão esteve cerca de 18 meses em negociações com a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, China e, de forma indireta, com os Estados Unidos -- os signatários do texto original -, para salvar o acordo nuclear de 2015, que limitava o programa nuclear iraniano a fins civis como contrapartida para o levantamento de sanções económicas.
O pacto foi unilateralmente abandonado em 2018 pelo então Presidente norte-americano, Donald Trump, que reimpôs as sanções ao Irão, fazendo com que este deixasse também gradualmente de cumprir os compromissos assumidos.