Artigos

Os que temos de combater

Todos já ouvimos falar, por alguns teóricos, que cada vez mais se verifica um absentismo cívico e político dos jovens na sua generalidade. Seguramente que também já ouvimos falar que esta esta malta da “geração Millennial e Z” estão preocupados apenas com os gadgets tecnológicos, a mobilidade, a sustentabilidade ambiental e as alterações climáticas.

Ora o que nem todos se propõem dizer é que nesta “malta nova” há jovens que se propõem a suplantar as adversidades próprias das contingências económicas, sociais e geográficas de ser ilhéu. Para alguns, o desenvolvimento é aquilo que para mim e para muitos desses jovens designaríamos como estagnação: tudo perto, sem dificuldades e, se possível, à porta de casa para não cansar muito. Não esquecer uma remuneração alta, proporcionalmente inversa ao número de horas que é preciso trabalhar. Esta é a receita que alguns, sobre aqueles que se sentam à esquerda do espectro político, vendem ser possível.

Eu não defendo dificuldades, emigração ou perda do poder de compra daqueles que mais se esforçaram para alcançar os seus sonhos. Queremos que sejam cada vez mais os jovens que assumam as responsabilidades de dirigir a nossa vida coletiva. Agora, com seriedade, não podemos vender a ideia de que no mundo atual é tudo mais fácil, ou cómodo.

No presente, criámos sinergias que aproximaram jovens de potenciais empregadores, através de programas de formação e desenvolvimento em contexto real de trabalho; os impostos são mais baixos, sobre pessoas e empresas, para que seja mais fácil contratar jovens qualificados que pretendem desenvolver os seus projetos na Região, bem como, para aqueles que querem, sem amarras, ser donos do seu próprio destino. Verificamos a preocupação de uma habitação a custos acessíveis, com equidade, em quase todos os concelhos. Vemos o Município do Funchal, a isentar de IMT na aquisição de primeira habitação até 200 mil euros, todos os jovens até aos 35 anos de idade e casais até aos 38. Ninguém tem a ousadia de afirmar que está tudo concluído, mas seria mais difícil se isto não estivesse sequer idealizado.

O desenvolvimento do setor tecnológico, outros mecanismos de fixação de pessoas e empresas, bem como a mobilidade digital, são tópicos daquele que será o nosso futuro, como no passado foram as vias de acesso rodoviário. Mas, para tudo isto ser verdade, não podemos dar força a projetos em que a capacitação dos madeirenses fique para segundo plano. Gente que, independentemente do nosso nível de desenvolvimento, adia oportunidades com processos futuras. Gente que aceita ser menos. Que não concretiza no agora. São principalmente esses que temos de combater.