O míssil
Há muitas teorias para o míssil que atravessou a fronteira ceifando a vida a dois polacos inocentes. A Ucrânia diz que foi a Rússia e vice-versa. Há a tese mais básica, os russos dispararam e atingiram a Polónia. Outra, mais elaborada, com origem no Kremlin, diz que foi Kiev a arremessar um projéctil soviético para o país vizinho, membro da NATO, para forçar a intervenção desta na guerra em seu apoio.
A 3ª opção parece a mais razoável. Tende a concluir ser a Rússia a autora do atentado e que a defesa aérea ucraniana terá rechaçado, desviando o míssil que, descontrolado, seguiu em direcção à Polónia. Pode ser. A culpa continua a ser russa, mas de forma indirecta. Passa a ter atenuante porque atinge o alvo errado por eventual ricochete.
Prudentemente o EUA, a UE e a NATO confluíram nesta última interpretação enquanto Zelensky continuava a afirmar que tinha sido Moscovo a fazer fogo com o seu material bélico.
Até pode ter razão, só que nessa eventualidade não o vão deixar ter. Caso a ofensiva tivesse sido russa contra um membro da NATO, como a Polónia, a nação agredida poderia convocar os seus aliados para que, em conjunto, agissem em sua defesa. Seria temeroso porque avançaríamos para uma guerra à escala mundial. Ninguém quer isso.
Logo, a versão compatível com o desfecho dissimuladamente sugerido, passa por a Rússia não ter atacado propositadamente, sem culpabilizar a Ucrânia.
Entretanto Zelensky fica a falar só. Ou deixa de abordar o assunto. Caso tivesse razão, estaríamos perante mais um caso de hipocrisia internacional. A investigação prossegue e a conclusão deverá chegar, ou através da verdade ou da “verdade” conveniente.