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Washington espera gestos fortes do novo Governo de Lula da Silva

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Os Estados Unidos esperam gestos fortes sobre o ambiente por parte do México e do próximo Governo brasileiro, salientou hoje o enviado especial para o clima, John Kerry, a poucos dias da abertura da COP27 no Egito.

John Kerry também deu uma indicação mais clara de que Washington está pronto para discutir a compensação por "perdas e danos" sofridos desproporcionalmente pelos países pobres, como resultado da crise climática.

Este tema promete ser um dos principais pontos de discussão da 27.ª Conferência do Clima da ONU, que decorrerá entre 06 a 18 de novembro em Sharm el-Sheikh, no Egito.

Segundo o enviado especial dos Estados Unidos para o clima, Lula da Silva, recém-eleito para substituir Bolsonaro na Presidência brasileira, está "comprometido" em fazer mais, referindo-se aos seus esforços pelo meio ambiente quando era presidente.

"Agora espero que possamos refinar este programa e avançar ainda mais rápido nas reformas necessárias para tentar salvar a Amazónia", sublinhou Kerry em declarações aos jornalistas.

"Sob o governo do [atual Presidente brasileiro] Bolsonaro, infelizmente, o nível de desmatamento aumentou na Amazónia e está em níveis altos e perigosos hoje", acrescentou.

O representante dos EUA também referiu que espera que mais países aumentem as suas ambições nos próximos dias sob as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), um plano de ação climática para reduzir as emissões.

"Teremos um grande anúncio, com o qual [o Presidente mexicano Andrés Manuel] López Obrador concordou, sobre o que o México fará a seguir", adiantou Kerry.

Depois de decidir inicialmente que a compensação por "perdas e danos" era politicamente inviável, Kerry disse nas últimas semanas que Washington está pronto para discutir o assunto e considerar medidas concretas.

"Estamos ansiosos para ver a questão de perdas e danos abordada antecipadamente e de maneira real na COP", sublinhou.

"Definitivamente, pretendemos sair da cimeira com algum tipo de estrutura que tenha arranjos financeiros apropriados", vincou.

O Egito, que vai acolher a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022 - COP27, convidou o recém-eleito Lula da Silva a estar entre os chefes de Estado esperados para o evento.

Um porta-voz de Lula da Silva disse esta terça-feira à agência AFP que o Presidente, eleito no domingo, estava "a pensar em ir à COP27", mas "ainda não tinha tomado a sua decisão".

Muitos ativistas do clima tinham dito esperar que uma vitória de Lula fizesse avançar a sua causa, no Brasil e na COP27.

Com Jair Bolsonaro como presidente, a desflorestação anual na Amazónia aumentou em média 75%, em comparação com a década anterior.

No domingo, na noite da sua eleição, Lula disse que "o Brasil está pronto para retomar a sua liderança na luta contra a crise climática".

"O Brasil e o planeta precisam de uma Amazónia viva", acrescentou o presidente eleito, uma vez que um estudo recente mostra que a Amazónia, há muito tempo um valioso "sumidouro de carbono", está agora a emitir mais CO2 do que absorve.

Estas emissões duplicaram nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro.

O Egito acolherá mais de 90 líderes mundiais, de 06 a 18 de novembro, incluindo o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de acordo com os organizadores da COP27.