A Guerra Mundo

Rússia quer evitar guerra nuclear de "consequências catastróficas"

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A Rússia advertiu hoje que uma guerra entre potências nucleares terá "consequências catastróficas", defendendo que é prioritário evitar que ocorra.

"Na atual situação difícil e turbulenta, que é o resultado de ações irresponsáveis e sem vergonha destinadas a minar a nossa segurança nacional, a principal prioridade é evitar qualquer confronto entre as potências nucleares", disse a diplomacia russa num comunicado, citado pela agência francesa AFP.

O comunicado foi divulgado horas depois de o jornal norte-americano New York Times (NYT) ter noticiado que os chefes militares russos discutiram recentemente a possibilidade de utilizar na Ucrânia uma arma nuclear tática, menos potente do que uma bomba nuclear estratégica.

As fontes do NYT, funcionários norte-americanos que o jornal não identificou, disseram que o Presidente russo, Vladimir Putin, não participou nas discussões e não descreveram os cenários que os líderes militares consideraram para o uso hipotético de uma arma nuclear.

As mesmas fontes disseram ainda que, apesar das discussões, não foram detetados sinais de que Moscovo se esteja a preparar para usar uma arma nuclear.

Os países ocidentais acusam Moscovo de utilizar a ameaça de guerra nuclear para os dissuadir de apoiar a Ucrânia na guerra que a Rússia iniciou em 24 de fevereiro deste ano.

No comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a Rússia apela aos outros países com armas nucleares para evitarem um confronto com Moscovo, pondo fim às suas "perigosas tentativas de invadir os interesses vitais de outros".

Se os países ocidentais continuarem a ajudar a Ucrânia a "manter-se no limiar de um conflito armado direto" com Moscovo e a "encorajar provocações com armas de destruição maciça", isso poderá ter "consequências catastróficas", avisou o ministério de Serguei Lavrov.

"A Rússia continua guiada pelo princípio de que uma guerra nuclear, na qual não pode haver vencedor, é inadmissível e nunca deve deflagrar", disse o ministério.

Contudo, recordou que a doutrina nuclear da Rússia prevê a utilização "estritamente defensiva" de armas nucleares no caso de o país sofrer um ataque com armas de destruição maciça ou em caso de agressão com armas convencionais que ameace a "própria existência do Estado".

Questionado sobre o artigo do New York Times, o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitri Peskov, acusou o Ocidente de estar a inflamar o assunto e assegurou que Moscovo não pretende entrar nessa discussão.

"Temos de notar que no Ocidente, a nível oficial e nos meios de comunicação social, a questão das armas nucleares está a ser deliberadamente inflacionada", comentou Peskov, citado pela agência espanhola EFE.

O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, disse hoje que a Ucrânia está pronta para acolher armas nucleares dos membros da NATO.

"Sabemos das tentativas de Kiev para criar uma 'bomba nuclear suja' e também da sua prontidão para colocar armas nucleares dos países da NATO no seu território", disse Shoigu, segundo a EFE.

Shoigu culpou Washington e as capitais europeias por "ignorarem a chantagem nuclear de Kiev" e as "suas provocações contra a central nuclear de Zaporijia", a maior da Europa e que está sob o controlo das forças russas.

O ex-presidente russo, Dmitri Medvedev, sugeriu na terça-feira que a alternativa à vitória da Rússia na Ucrânia é uma "guerra mundial com o uso de armas nucleares".