ONU indica mais de 200 abusos contra jornalistas no Afeganistão desde 2021
A Missão das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA) regista duas centenas de casos de abusos contra jornalistas no país, desde que os talibãs regressaram ao poder, no ano passado.
"Mais 200 abusos contra os direitos humanos no Afeganistão foram reportados pela UNAMA desde agosto de 2021", aponta, referindo-se a dados sobre jornalistas e repórteres citados num comunicado que assinala o Dia Internacional Contra a Impunidade Contra Jornalistas.
"Estes números recorde incluem detenções arbitrárias, maus tratos, ameaças e intimidações", disse a ONU, frisando que os meios de comunicação social no Afeganistão "estão em perigo".
A tomada do poder pelos talibãs no dia 15 de agosto de 2021 afetou fortemente a liberdade de expressão no Afeganistão, de acordo com vários organismos locais e internacionais.
Além da crescente censura e repressão por parte do regime de Cabul, os meios de comunicação social têm sido atingidos pela crise económica.
De acordo com um relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o Afeganistão perdeu 60 por cento dos jornalistas desde o ano passado, e mais de 40% dos meios de comunicação social.
Os novos dados indicam mais um grave retrocesso face a alguns avanços alcançados nas últimas duas décadas.
Mesmo assim, o Afeganistão já era antes do regresso ao poder dos talibãs um dos países mais perigosos para jornalistas, ocupando o lugar 122 de um total de 180 países no índice de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras.
De acordo com um comunicado da organização Nai, que acompanha a liberdade de imprensa no Afeganistão, pelo menos 150 jornalistas e trabalhadores de meios de comunicação social perderam a vida em ataques, nos últimos 20 anos, no país.
O Centro de Jornalistas do Afeganistão (AFJC, na sigla em ingês) refere que se registaram 130 casos de detenção temporária com violência e ameaças contra jornalistas desde o regresso dos talibãs ao poder.
"Os jornalistas têm um papel vital para a divulgação dos factos aos membros da sociedade. A impunidade e os crimes contra os jornalistas tem um efeito destrutivo na consciência sobre os factos, opiniões e ideias dos cidadãos, assim como obstaculiza o diálogo construtivo", conclui o AFJC em comunicado.