Mundo

Tensão aumenta na península coreana após Pyongyang disparar mais de 20 mísseis

None
Foto Lusa

A Coreia do Norte disparou hoje 23 mísseis, um dos quais caiu perto das águas territoriais sul-coreanas, levando o Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, a denunciar uma "invasão territorial 'de facto'".

Depois de ter anunciado que a Coreia do Norte tinha disparado pelo menos 17 mísseis, o exército sul-coreano disse que "foram detetados mais seis lançamentos de mísseis terra-ar nas direções oriental e ocidental".

Três mísseis balísticos de curto alcance foram lançados às 08:51 locais (23:51 de terça-feira em Lisboa) e um atravessou a chamada "Linha da Fronteira Norte", a divisão marítima 'de facto' entre os dois países, disse Seul.

O disparo desencadeou um raro alerta aéreo na ilha sul-coreana de Ulleungdo, cerca de 120 quilómetros a leste da península da Coreia, onde os residentes foram aconselhados a refugiar-se em abrigos, segundo a agência francesa AFP.

Trata-se da "primeira vez desde a divisão da península" após a Guerra da Coreia em 1953, que um míssil norte-coreano caiu tão perto das águas territoriais da Coreia do Sul, disse o exército sul-coreano.

O Presidente sul-coreano convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional para discutir o incidente, que os analistas dizem ser um dos mais agressivos e ameaçadores em vários anos.

Yoon considerou que a "provocação norte-coreana é uma invasão territorial 'de facto' por um míssil que atravessou a Linha da Fronteira Norte pela primeira vez desde a divisão" da península, disse a presidência sul-coreana num comunicado.

Ordenou também "medidas rápidas e severas para fazer a Coreia do Norte pagar um preço elevado pelas suas provocações", acrescentou a presidência, sem especificar.

Um dos mísseis caiu no mar a apenas 57 quilómetros da cidade de Sokcho, no nordeste da Coreia do Sul, disse Seul.

A Coreia do Sul encerrou várias rotas aéreas sobre o Mar do Japão, aconselhando as companhias aéreas a fazerem um desvio para "garantir a segurança dos passageiros" nas viagens para os Estados Unidos e o Japão.

A Coreia do Sul e os Estados Unidos estão a realizar o maior exercício aéreo conjunto da sua história, apelidado de "Tempestade Vigilante", que envolve centenas de aviões de guerra.

O marechal Pak Jong Chon, que é secretário do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, no poder, descreveu os exercícios como agressivos e provocadores, divulgou hoje a imprensa oficial norte-coreana.

Pak disse que o nome dos exercícios lembrava "Operação Tempestade no Deserto", o nome dado às operações militares da coligação liderada pelos Estados Unidos contra o Iraque em 1991, após a invasão do Kuwait.

O marechal disse que se os Estados Unidos e a Coreia do Sul tentarem atacar o país, os "meios especiais das forças armadas" da República Democrática da Coreia "desempenharão a sua missão estratégica sem demora".

"Os EUA e a Coreia do Sul pagarão o preço mais horrível da História", ameaçou Pak, de acordo com a agência noticiosa estatal KCNA.

"Que me lembre, a Coreia do Norte nunca realizou tal provocação quando a Coreia do Sul e os Estados Unidos estavam a realizar manobras conjuntas", disse o professor da Universidade de Ewha Park Won-gon à AFP.

"Esta é uma ameaça séria. O Norte também parece confiante nas suas capacidades nucleares", acrescentou.

As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito de 1950-53 terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz.