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Mais de 450 crianças e adolescentes assassinadas na Guatemala em 2022

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Mais de 450 crianças e adolescentes foram assassinadas na Guatemala entre janeiro e setembro, denunciaram esta sexta-feira defensores dos direitos dos menores, apelando à implementação pelo Estado de um novo sistema municipal de prevenção da violência.

Entre os 453 menores assassinados em 10 meses, 69% são meninos, segundo o relatório apresentado pela Comissão de Promoção dos Direitos da Criança (Ciprodeni).

A investigação detalha que a maioria das crianças e adolescentes do sexo masculino morreu com arma de fogo, enquanto nas meninas, a principal causa de morte foi ataque com faca ou estrangulamento.

A Cidade da Guatemala e os departamentos (províncias) de Quetzaltenango, Chiquimula, Escuintla, Chimaltenango e Jutiapa são as áreas do país onde se regista a maioria das mortes violentas de menores.

"É muito preocupante que todos os indicadores estejam a aumentar, todos os casos são profundamente graves", destacou Otto Rivera, responsável da Ciprodeni, duranta a conferência de apresentação do relatório.

A entidade acrescentou que 4.852 menores foram dados como desaparecidos de acordo com o sistema de procura de crianças e adolescentes da Procuradoria-Geral da República.

Ou seja, na Guatemala, uma média de 20 crianças desaparecem a cada 24 horas.

Relativamente à violência sexual, o relatório explica que o Instituto Nacional de Ciências Forenses (Inacif) realizou 5.177 exames de suspeita de violação e 91% dos casos são de raparigas.

A maioria dos casos foi registado em áreas rurais do noroeste do país, como os departamentos de Alta Verapaz e Huehuetenango.

Além disso, durante este ano, 76.105 meninas engravidaram e seis menores deram à luz todos os dias na Guatemala.

Sobre a segurança alimentar, a Ciprodeni apontou que de janeiro a setembro foram registados 125.349 novos casos de desnutrição crónica, 48% correspondentes a meninas e 52% a meninos.

Segundo os defensores dos direitos das crianças, este problema deve ser enfrentado porque atrofia irreversivelmente o desenvolvimento do sistema cognitivo dos menores.

Também foram relatados 19.543 novos casos de desnutrição aguda e a morte de 24 menores devido à fome, casos descritos como "extremamente grave" pela autora do relatório.

Otto Rivera defendeu que é urgente que o Estado e a sociedade mudem a forma como se relacionam com as meninas e os meninos, para que exista um espaço de respeito dos seus direitos contidos na Convenção sobre os Direitos da Criança e a Lei de Proteção Integral da Criança.

O relatório adverte ainda o Estado da Guatemala a aumentar os fundos e a melhorar a qualidade do investimento público para o atendimento infantil.

Para o combate à violência, foi sugerida a criação de um Sistema Municipal de Prevenção à Violência, para que haja atenção local a este flagelo.

A Ciprodeni existe desde 1988, é formada por 11 organizações da sociedade civil dedicadas à defesa e promoção dos direitos da infância na Guatemala.