Volume de negócio entre Rússia e China no sector energético cresceu 64% este ano
As receitas do comércio entre Rússia e China no setor energético aumentaram este ano 64%, disse hoje o vice-primeiro-ministro russo Alexandr Novak, afirmando que um acordo intergovernamental para fornecimento de gás à China vai ser assinado em breve.
"O nosso volume de negócios no setor da energia aumentou significativamente: cresceu cerca de 64%, em termos monetários. Se falarmos em termos físicos, trata-se então de um aumento de cerca de 10%, tanto no abastecimento de petróleo e gás como no carvão e eletricidade", disse Novak, após uma reunião entre a comissão intergovernamental Rússia--China.
A Rússia exportou 42,6% menos gás, entre janeiro e outubro, em relação ao mesmo período de 2021, para países que não pertencem à Comunidade dos Estados Independentes (CEI), uma organização formada por antigas repúblicas da União Soviética.
Este número reflete sobretudo a queda das vendas para a Europa.
O vice-primeiro-ministro russo enfatizou que, apesar dos desafios atuais, a cooperação Moscovo-Pequim "avança em todas as direções" e não é afetada pelas mudanças no mercado externo e no setor energético.
Novak anunciou que, em breve, vai ser assinado um acordo intergovernamental entre a Rússia e a China sobre o fornecimento de gás russo ao país asiático, através da rota do Extremo Oriente.
Em fevereiro passado, a empresa de gás russa Gazprom assinou um acordo com a estatal chinesa China National Petroleum Corporation (CNPC) para o fornecimento de 10.000 milhões de metros cúbicos de gás russo por ano, durante 25 anos, a que se somam 38.000 milhões de metros cúbicos por ano que a empresa russa enviará ao país asiático pelo gasoduto Fuerza de Sibéria, ao longo de três décadas.
"No futuro próximo devemos assinar um acordo intergovernamental", enfatizou Novak.
A Rússia considera o mercado chinês o mais dinâmico do mundo e acredita que, nos próximos 20 anos, o aumento do consumo de gás na China vai representar 40% do aumento do consumo mundial de gás.
O vice-primeiro-ministro apontou ainda que a Rússia e a China continuam as negociações para a concretização do projeto de fornecimento de gás através do Siberian Force-2, que passará pelo território da Mongólia.
"Trata-se de um projeto novo e maior, com capacidade para até 50 mil milhões de metros cúbicos de gás", explicou.
A China pode comprar energia à Rússia sem entrar em conflito com as sanções impostas pelos Estados Unidos, Europa e Japão na sequência da guerra em curso na Ucrânia, desencadeada por uma ofensiva militar russa em fevereiro deste ano.
Pequim está a intensificar as compras, para aproveitar os descontos russos. Esta postura das autoridades chinesas tem causado fricções com Washington e países aliados, uma vez que permite aumentar o fluxo de receitas de Moscovo e limitar o impacto das sanções internacionais.