Madeira

“800 euros não é um rendimento adequado a manter uma família”

Na sua intervenção final da conferencia sobre contratação on line, Cristina Pedra deixou algumas dúvidas para serem debatidas no próximo 'Fórum Emprego' da Câmara do Funchal, nomeadamente no que concerne aos salários

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O custo com salários foi um dos aspectos abordados por Cristina Pedra na sua intervenção final na conferência 'A contratação online. Os desafios actuais do mercado de trabalho', que teve lugar esta tarde, no Salão Nobre da autarquia funchalense.

Nesta matéria, a vice-presidente da Câmara do Funchal realçou o “fosso fiscal” existente entre os encargos que um empregador tem com um trabalhador e o salário líquido que este efectivamente recebe.

“Quando um trabalhador ganha, bruto, 800 euros, e convenhamos que para ganhar 800 euros líquidos não é um rendimento adequado a manter uma família, um sustento e um investimento na cultura, na educação, na harmonia familiar, na própria alimentação e uma nutrição equilibrada, mas não esqueçamos que o empregador paga 1.400 euros. O fosso fiscal é este.” realçou a autarca.  

Desafiando a plateia a fazer contas, Cristina Pedra reforça que “quando um empregador quer contratar por 800 brutos, o que ele tem de ter na sua demonstração de resultados é 1.400 euros por mês para acomodar este trabalhador”.

E adianta: “um factor que eu nunca vejo ser falado por aqueles que tanto pugnam, e bem, por melhores rendimentos salariais, e que têm de existir – o Executivo atravessa-se e corrobora – é como aumentar a produtividade.”, aspecto que diz não depender apenas nem do empregador, nem do trabalhador. Para tal, diz ser preciso investimento na formação profissional e em equipamentos e ferramentas adequadas para aumentar o desempenho. "O aumento da produtividade é um problema a montante e a jusante", sustentou. 

Além disso, numa antevisão do próximo fórum de emprego presencial promovido pela Câmara do Funchal, que deverá ocorrer no Centro Cultural e de Investigação do Funchal, a inaugurar em breve no reabilitado antigo Matadouro, a vice-presidente da Câmara do Funchal pediu aos presentes que reflectissem, no que apontou como “trabalho para casa”, sobre qual será a melhor forma de cativar um trabalhador. “Como atrair um trabalhador quando nós queremos que ele entre às 6 da manhã, saia às 10 da manhã e que regresse, por exemplo, às 18 horas, para servir jantares até às 22? Como ser sexy para o trabalhador?”, interrogou Cristina Pedra.

Em complemento, deixou a dúvida de que estratégias serão necessárias para que um trabalhador com mais qualificações se disponibilize para realizar tarefas “básicas” ou como levar um trabalhador a “vestir a camisola da empresa”.