Costa quer Banco de Fomento a financiar o ganho de escala das empresas nacionais
O primeiro-ministro, António Costa, defendeu hoje que o Banco Português de Fomento (BPF) deve servir para que as empresas nacionais ganhem escala, na cerimónia de apresentação da nova administração, em Matosinhos.
Frisando que "a função do Banco Português de Fomento não é ser mais um banco, é ser o banco que os outros bancos não são", devendo "complementar aquilo que é a atividade dos outros bancos", sendo "supletivo", António Costa traçou uma diferença entre as economias europeias e americana.
"Uma das grandes diferenças das economias europeias relativamente à economia americana é mesmo a capacidade de financiar o risco", bem como "aquilo que está na fronteira da inovação, aquilo que constitui a maior mais-valia e o valor acrescentado do futuro", afirmou na cerimónia que decorreu na Porto Business School.
Segundo o primeiro-ministro, essa diferença também está na "capacidade de investir em capital e quase-capital em empresas que precisam de ganhar escala, para que as micro se tornem pequenas, as pequenas médias, as médias grandes e as grandes se tornem globais"
"Isso implica que haja bancos com a natureza do Banco Português de Fomento para fazer essa missão", defendeu António Costa na cerimónia que assinalou a passagem de Celeste Hagatong a presidente do Conselho de Administração ('chairwoman', não executiva) e Ana Carvalho como presidente executiva do BPF.
António Costa recordou que o outro banco do Estado, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) "tem um papel fundamental" no sistema financeiro nacional, mas sendo "puramente concorrencial com os outros bancos".
Já o BPF "é o banco do Estado que é diferente dos outros bancos", afirmou Costa, dizendo que o Governo contribuirá para ter "um banco que cumpra bem a sua função de ser um grande fator estabilização do sistema financeiro", a CGD, e outro "que cumpra a sua função de ser um grande apoio à inovação e à modernização das empresas".
Anteriormente, no seu discurso, sobre a estabilidade António Costa já tinha afirmado que "o primeiro e o melhor contributo que o Estado pode dar é a assegurar a estabilidade do quadro macroeconómico", bem como "a estabilidade do sistema financeiro".
"É necessário continuar a manter uma política, designadamente fiscal, amiga do investimento", disse ainda, salientando que o Orçamento do Estado para 2023 deve incentivar "as empresas que investem na sua modernização tecnológica, na sua capacidade de inovação e na melhoria dos seus recursos humanos, de forma a poderem ganhar produtividade e competitividade na economia global".
No final da sessão, António Costa saiu sem falar aos jornalistas.