Arquitecto madeirense na Trienal de Arquitectura de Lisboa 2022
A exposição '(Un)made Cities by Segregated Transport Infrastructures' — curada pelo arquiteto madeirense Filipe Temtem — é um dos 16 projectos independentes, seleccionados de um total de 67 candidaturas ao redor do mundo, para expor na Trienal de Arquitectura de Lisboa 2022, que tem por temática geral 'Terra'.
No marco da 6.ª edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa — encontro internacional com 40 países participantes, 63 eventos e mais de 100 mil visitantes — Filipe Temtem inaugurou, no passado sábado, 5 de Novembro, a exposição '(Un) Made Cities by Segregated Transport Infraestrutures', apresentando sua proposta aos mais de 200 visitantes que assistiram ao evento.
A inauguração teve lugar no Palácio Sinel de Cordes em Lisboa e contou com a presença do presidente da Trienal, José Mateus, juntamente com os curadores gerais deste ano, Cristina Veríssimo e Diogo Burnay, a embaixadora da República da Polónia, Joanna Pilecka, e a diretora adjunta do Instituto Adam Mickiewicz, Barbara Krzeska.
Com o objetivo de (re)fazer o tecido e a vida urbana da cidade chilena de Concepción—caracterizada por uma forte segregação socio-espacial, produzida pelo comboio Ribera Norte— Filipe Temtem apresenta um projecto urbano que resgata a sua dignidade e sentido de pertença, estruturando as suas necessidades e serviços básicos. Neste caso através de um edifício-viaduto, com cerca de 1,5 quilómetros, cuja planta modular é estruturada através de uma viga caixão, permitindo a construção de 43 módulos habitados onde podem ser instalados múltiplos serviços e programas. Como referiu o autor durante a inauguração, trata-se de uma Infraestrutura Habitada que suprime a presença física do comboio da margem norte ao nível do solo, substituindo-o por uma fachada ativa que sutura os quarteirões adjacentes, participando na configuração morfológica das ruas, praças e edifícios.
Desta forma, Temtem apresenta uma visão contemporânea no campo da arquitectura de infraestrutura, exibindo uma estratégia de urbanismo tático, onde a ferrovia, além de servir como eixo da mobilidade e transporte publico, funciona como um cluster servidor, portador de bens e serviços para esmudarte setor vulnerável da capital penquista. Nas palavras de Cristina Veríssimo e Diogo Burnay, uma infraestrutura retroativa que permite o investimento simultâneo em arquitetura, infraestrutura e espaço público, maximizando a eficiência económica e social do projeto através de custos partilhados.
Para mostrar esta cidade (re)feita a partir de um novo modelo de infraestruturas de transportes, o arquiteto português propõe um circuito expositivo que alude metaforicamente à implementação urbana destes sistemas de mobilidade, obrigando o visitante a contornar a via rápida para aceder e observar o “outro lado” da cidade (exposição). Tudo isso através de uma maquete à escala 1:20 do edifício-viaduto que funciona como móvel expositivo, dividindo o Salão Este do Palácio Sinel de Cordes. Conforme explicou Temtem, a viga de caixão do edifício-viaduto transforma-se no tampo de uma mesa enquanto os módulos servidores são concebidos como suportes fixos de mesma e os módulos servidores são utilizados como bancadas para observar e discutir o projecto urbano (à escala 1.1000) modelado sobre a própria mesa.
De esta forma a exposição exibe o resultado do trabalho realizado pelo arquitecto madeirense — Licenciado pela Faculdade de Arquitectura de Lisboa — em contexto latino-americano, más precisamente em Santiago do Chile, onde trabalha como arquitecto e professor junto ao Prémio Pritzker 2016 Alejandro Aravena, desde 2013. Contexto esse onde foi recentemente pré-selecionado para os Inclusion Award da Bienal de Arquitetura de New York, tendo ganho o Prémio Abertis Chile 2021 para a gestão de infraestruturas de transporte: Um reconhecimento internacional outorgado pelo grupo Abertis de Gestão de Infraestrutura de Transporte e Segurança Rodoviária que todos os anos entrega um prémio em cada um dos países que compõem sua rede internacional (Itália, França, Espanha, Porto Rico, Chile, Brasil, México), destacando projectos inéditos que contribuam para a gestão de infraestrutura e serviços de transporte.
A exposição '(Un) Made Cities by Segregated Transport Infrastructures' estará patente ao público até 5 dia Dezembro no Palácio Sinel de Cordes—situado no Campo de Santa Clara nª142, Lisboa— juntamente com as exposições 'The Clothed Home' y 'Terra-collar work'.