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Homens devem ter papel ativo no combate à violência contra as mulheres na Venezuela

Foto DR/www.somostuvoz.net
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Organizações não-governamentais na Venezuela defendem que os homens devem ter papel mais ativo no combate à violência contra as mulheres no país sul-americano, onde se registaram 175 feminicídios este ano.

O alerta foi dado em Caracas durante uma conferência de imprensa sobre a apresentação da 5.ª Corrida da União Europeia Contra a Violência Contra as Mulheres que terá lugar a 27 de novembro na capital da Venezuela e na qual participação 2.500 atletas.

"Se nós, os homens, não nos envolvermos no combate à violência contra as mulheres, vai ser muito duro para as mulheres, porque vai continuar a haver muita violência", disse o embaixador da União Europeia na Venezuela.

Segundo Rafael Dochao, enquanto "os homens não assumirem as rédeas" não apenas para combater a violência contra as mulheres, mas também a discriminação, e não entenderem "que é um assunto que diz respeito a toda a sociedade" as mulheres, "vão ter um processo [anti-violência] muito mais longo".

Por outro lado, explicou que há uma série de comportamentos agressivos, violentos, contra as mulheres, que estão definidos na escala do 'violentómetro' e que vão desde "o zero do ciúme, vigiar até ao n.º 30, que é feminicídio".

"E há muitas pessoas com atitudes [discriminadoras] quotidianas, que as mulheres experimentam na sua própria carne, continuamente, em casa, no trabalho, na universidade, na rua (...) ações que são totalmente contrárias aos direitos humanos mais mínimos, e não esqueçamos que os direitos da mulher e a igualdade de género são também direitos humanos", frisou.

Segundo Rafael Duchao, trata-se de situações que "não acontecem apenas na Venezuela, também na União Europeia" e "inclusive mesmo nos países nórdicos, que são muito avançados em muitas áreas sociais e culturais", que "estão sempre no topo", mas onde "o número de feminicídios é, infelizmente, também demasiado elevado".

"Queremos mostrar que já basta. Queremos que as nossas mulheres e meninas possam viver em paz num mundo livre de violência", frisou.

Por outro lado, Jorge González Caro, representante local do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês), explicou que "na Venezuela, a forma mais extrema desta violência é o feminicídio, e até agora, durante este ano, se registaram 175 feminicídios, um número tremendo".

"Há um feminicídio a cada 37 horas na Venezuela e há uma quantidade de expressões de violência (...) que são muito mais subtis, mas que podem escalar para processos como o feminicídio e violência física que afeta muitas mulheres", disse.

Jorge González Caro sublinhou que não é uma situação que as mulheres sofram de maneira individual, mas um problema que afeta toda a sociedade.

"Para prevenir a violência contra as mulheres, temos que incorporar os homens na abordagem positiva da masculinidade, os homens que tentam mudar os estereótipos, as normas de género e criar espaços onde falemos sobre a questão da violência, para criar uma consciência coletiva (...) gerar participação", disse sublinhando que muitas vezes os homens são os protagonistas deste tipo de violência.

Por outro lado, Marta Morante, Presidente da Associação Civil Niña Madre, sublinhou a importância de adolescentes, famílias e pais compreenderem que a violência começa desde muito cedo, quando não lhes é permitida fazer determinada coisa ou vestir determinada peça de roupa e que "vai aumentando".

"Temos de incorporar os homens, os adolescentes, porque em muitas ocasiões eles também são um pouco relegados, para que aprendam que as mulheres têm de ser respeitadas e amadas", concluiu.