"Temos de ser ajudados"
Presidente da AHP, Bernardo Trindade, quer que “o tempo da política se aproxime das necessidades da economia”
33.º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo decorre desde ontem em Fátima
“O tempo da política tem de se aproximar das necessidades da economia”. Essa é a convicção de Bernardo Trindade partilhada na sessão de abertura do 33.º Congresso da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), encontro que decorre no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima.
Como o Ministro da Economia a ouvir, Bernardo Trindade deixou bem claro que a AHP não é uma associação partidária, mas é uma associação “política”. “Associação política porquanto agente na comunidade. E tem por isso a expectativa de poder ser ouvida no seu quadro de reivindicações e preocupações. Reivindicações que resultam de uma vivência do dia-a-dia. Não são, pois, um exercício retorico desprovido de conteúdo”, referiu.
Daí que tenha lançado alguns apelos quer ao Ministro da Economia, como à Secretária de Estado do Turismo. “Queremos lealmente continuar a ser parceiros, contribuintes para esta recuperação económica e social do país, mas realisticamente temos de ser ajudados. Procuro ser justo: sei bem o esforço público feito durante a pandemia. Sem o lay-off simplificado, o apoio à retoma, o Apoiar para as pequenas empresas, e as restantes linhas de crédito, então tinha sido uma tragédia. Relembro hotéis fechados, com clientes e colaboradores em casa. Sr. Ministro, ouvimos o Sr. Primeiro-Ministro anunciar o pacote de 3 mil milhões de euros de apoio às empresas para fazer face ao aumento da fatura da eletricidade e do gás. Saudamos esse anúncio e temos a expetativa de ser incluídos nesse pacote de ajudas. Só quem não é hoteleiro é que não sabe quanto impacta na demonstração de resultados de um hotel o peso da eletricidade e do gás…garanto-vos é muito grande esse peso”, referiu.
Mas há mais. “Precisamos de ver alargadas as maturidades das linhas de crédito e premiados projetos em função de metas realizadas”. Ou ajuda na captação de mão-de-obra, que passa por trazer cidadãos do espaço da lusofonia para trabalharem em Portugal “num processo desburocratizado e simples”. “Não sendo um problema originário de Portugal – é um tema em todo o lado – a verdade é que no nosso país com uma situação de quase pleno emprego – são mais de 170.000 registos na segurança social – durante a pandemia perdemos 45.000 ativos no setor do turismo. Da recuperação mais rápida do que prevíamos em 2022, resultou também uma qualidade de serviço pior. Tenhamos todos essa consciência”, confidenciou.
Em termos de contexto, referiu que o ano de 2022 tem sido um ano excepcional na recuperação da confiança dos clientes. “Portugal liderará aliás o crescimento económico na União Europeia, tendo esse crescimento uma clara impressão digital: o turismo como mola impulsionadora dessa recuperação”, observa, embora com cautela. “Mas não nos iludamos: os anos da pandemia fizeram-nos recuar 20 anos em termos de dormidas e 10 anos em termos de proveitos. E se estamos a bater recordes de receita em 2022, realisticamente, a guerra na Ucrânia trouxe um grau de incerteza tal na construção da cadeia de valor do turismo, que não nos permite dizer qual o nível de resultados que teremos em 2022. Tudo está mais caro. O custo da mão de obra, a eletricidade e o gás, a cadeia alimentar, as diversas prestações de serviço. E a perspetiva mantém-se incerta”, sublinhou.
O presidente da AHP pediu ainda maior participação dos associados e partilhou um desejo: “A nossa expectativa é que saiamos de Fátima com mais respostas, e para quem é mais crente, com a bênção divina no cumprimento do nosso propósito”, sublinhou.