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China reafirma compromisso com estratégia 'zero casos' apesar de ter relaxado restrições

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A imprensa oficial da China reafirmou hoje o compromisso do país com a estratégia de 'zero casos' de covid-19, apesar de as autoridades terem relaxado as restrições, num período de rápido aumento do número de infeções.

A China registou 17.298 novos casos nas últimas 24 horas, o maior número desde o final de abril. A cidade de Cantão, uma das maiores da China e importante centro manufatureiro, responde pela maioria, com 5.124 casos. A cidade de Chongqing, no sudoeste, também registou um aumento do número de infeções, para 2.948.

Os surtos coincidem com uma redefinição significativa da estratégia de prevenção epidémica do país. Na sexta-feira passada, as autoridades chinesas anunciaram uma redução do período de quarentena para viajantes oriundos do exterior e contactos diretos de casos positivos, e o fim da interrupção dos voos com casos a bordo

Isto suscitou especulações de que uma grande mudança na estratégia chinesa estava em andamento, depois de bloqueios altamente restritivos em algumas das principais cidades do país terem abrandado o ritmo de crescimento da economia chinesa para cerca de metade da meta oficial.

As autoridades agiram rapidamente para negar a especulação. O Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, assegurou hoje, em editorial, que o país vai manter a política de 'zero casos'.

A China vai "implementar firmemente a política geral de 'eliminação dinâmica'" do novo coronavírus, afirmou o órgão oficial.

Na semana passada, o Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC), a cúpula do poder na China, apelou à "melhoria da eficácia do trabalho de prevenção" e à "superação do formalismo e burocracia", pedindo uma abordagem "mais direcionada e decisiva" para lidar com surtos do novo coronavírus, numa retórica visivelmente mais branda do que em comunicados anteriores.

Embora as autoridades tenham anunciado 20 medidas que visam calibrar a sua abordagem, não é ainda claro como vão ser implementadas no terreno.

A capital da China, Pequim, intensificou discretamente as restrições em alguns distritos, depois de ter registado 461 casos, nas últimas 24 horas. Alguns supermercados, edifícios de escritórios e lojas no distrito de Chaoyang exigem à entrada testes negativos feitos nas 24 horas anteriores, embora não exista um anúncio oficial sobre esta decisão.

Pequim anunciou também hoje que vai permitir o regresso à cidade de residentes oriundos de cidades onde existem surtos. Alguns dos residentes na capital chinesa estão há várias semanas sem conseguir regressar a casa, depois de o código de saúde exigido para entrar na cidade ter sido bloqueado.

Os comités de bairro, a burocracia de base do Partido Comunista Chinês, continuam sob imensa pressão para conter novos surtos, mas as orientações do governo central tornaram-se mais difíceis de avaliar. A China parece estar cautelosamente a tentar juntar-se ao resto do mundo, mas, na retórica, recusa abandonar a estratégia que foi assumida como um trunfo político pelo líder Xi Jinping.

A Organização Mundial da Saúde disse, em maio passado, que a abordagem extrema da China para conter a covid-19 é "insustentável", devido à natureza altamente infecciosa da variante Ómicron.

Pequim recusou, no entanto, aprovar a importação de vacinas estrangeiras de RNA mensageiro no continente, já permitida nas regiões administrativas especiais chinesas de Macau e Hong Kong desde o início da pandemia.

A taxa de vacinação entre os idosos com inoculações domésticas, menos eficazes na prevenção de morte e doença grave, é de apenas 86%, segundo dados oficiais.