Justiça iraniana acusa 440 pessoas e condena uma à morte por participação em protestos
Um tribunal de Teerão condenou à morte hoje, pela primeira vez, uma pessoa acusada de participar nos "motins" no Irão, indicou a agência da autoridade judicial Mizan 'online'.
Segundo o veredicto que ditou a condenação à pena capital, a pessoa julgada foi considerada culpada de "ter incendiado um edifício governamental, de perturbar a ordem pública, de reunião e conspiração para cometer um crime contra a segurança nacional, e inimigo de Deus e corrupção na terra", precisou a agência, sem divulgar qualquer nome ou idade. Um outro tribunal da capital iraniana condenou cinco pessoas a penas de prisão que vão de cinco a 10 anos por "reunião e conspiração para cometer crimes contra a segurança nacional e perturbar a ordem pública". Trata-se de tribunais de primeira instância e os condenados podem recorrer, precisou a Mizan.
Entretanto, a justiça iraniana acusou hoje 440 pessoas por terem participado em protestos que se têm desencadeado no país desde 16 de setembro, após a morte da jovem Mahsa Amini. O presidente do tribunal da província de Markazi, Abdol Mahdi Musavi, informou que 276 dos manifestantes presos nesta província foram considerados culpados, mas isto não quer dizer que estejam condenados e quem deve decidir isso "são os tribunais penais de primeira instância e recurso", disse à agência de notícias oficial iraniana, IRNA.
Por sua vez, o presidente do Tribunal da província do sul Hormozgán, Moytaba Ghahremaní, informou que, por esse motivo, na citada província foram feitas acusações contra 164 pessoas, cujos expedientes foram enviados para o tribunal para irem a julgamento. As autoridades iranianas não referiram o número total de detidos nem mortos no país, mas a Organização Não Governamental (ONG) Iran Human Rights, com sede em Oslo, estima que haja 326 mortos.
O Irão vive uma série de protestos desde a morte de Mahsa Amini, em 16 de setembro, após ter sido presa, três dias antes, pela polícia da moral por estar a usar o véu islâmico incorretamente, o que está a ser duramente reprimido pelas forças de segurança. Os protestos estão a ser liderados, sobretudo, por jovens e mulheres que gritam 'slogans' como "mulher, vida, liberdade" contra o Governo e queimam véus, um dos símbolos da República Islâmica e algo impensável até há pouco tempo.