Luísa Santos lamenta que “as mulheres continuem a associar violência ao amor romântico”
A psicóloga Luísa Santos constatou, no TEDxFunchal 2022, que decorreu esta tarde, no Centro de Congressos da Madeira, que “as mulheres continuam a associar os comportamentos violentos [dos companheiros] ao amor romântico” e defendeu mudanças de mentalidade, dando o exemplo do cinema em várias gerações, como ‘Nove semanas e meia’ e ‘As Cinquenta Sombras de Gray’, onde os “homens sãos ricos e lindos, mas violentos, ciumentos e controladores”.
“O grande problema de uma mulher que é vítima de violência é não perceber que é vítima”, destacou a oradora. Depois relatou dois casos de mulheres madeirenses vítimas de violência doméstica na década de 1960. Uma delas, ainda noiva, foi chamada a casa de uma conselheira que a avisou que o que se passava dentro de casa só dizia respeito ao casal e que devia obedecer ao marido e defender a família. Esta mulher só se libertou do marido quando ele morreu. A outra mulher seguiu outra estratégia, pois conseguiu convencer marido a emigrar para os EUA, já com o objectivo de se divorciar dele, pois nessa altura o divórcio não era legal em Portugal. “As mulheres que se separam são mais discriminadas do que as que mantêm casamentos, mesmo que sejam vítimas de violência. Elas sentem isso e às vezes evitam a separação exactamente por isso”, observou Luísa Santos.
A psicólogo concluiu que é chegada a altura de alterar o argumento deste ‘filme’ e passar a considerar que homem e mulher não são propriedade um do outro, mas antes companheiros pelo tempo em que houver acordo comum.