André Barreto alerta para descaracterização e massificação do destino turístico
O gestor hoteleiro André Barreto recorreu ao exemplo de Vasco Granja, que nas décadas de 1970 e 1980, com cinema de animação na TV, “deu novos mundos, fez-nos pensar para além do óbvio, mesmo arriscando ser impopular”, para defender que a Madeira não pode ser um destino massificado e descaracterizado e deve apostar nas características que o tornam singularidade.
“A tendência é optarmos pelo ‘very typical’ e então encarneiramos. Pomos as pessoas a fazer tudo igual. Nós estamos formatados para as excursões, para os autocarros, para os jantares de grupo na espetada, quando o viajante o que quer é individualidade e exclusividade. Sigamos o exemplo do grande Vasco Granja. Genuíno, singular, diferente e irrepetível”, disse o empresário, no TEDxFunchal 2022, que decorreu esta tarde, no Centro de Congressos da Madeira.
André Barreto explicou que “a descaracterização começa quando nos deixamos levar achando que é inglesando ou afrancesando que chegamos lá”. “Não é isso que os visitantes procuram, nem muito menos encontrar aquilo que têm em casa. Deixemo-nos, portanto, de andar em permanente reconstrução, colocando tijolos em cima de tijolos, sem fio-de-prumo e sobretudo sem rumo”, frisou, tendo admitido que os madeirense têm vindo a perder os seus espaços para os turistas, como acontece nos nossos acessos ao mar na zona da Estrada Monumental.
“Pode a Madeira continuar a ser um novo mundo turístico? Para isso pode continuar a reconstruir-se ou basta adaptar-se? Muito mais do que reconstruir, façamos da adaptação o modo de vida, mas sempre procurando que quem cá vem viva como nós vivemos, proporcionemos experiências e não um sítio onde se vai passar férias. Criemos, com meios, um observatório do turismo que possa estudar esta indústria, indicando-nos e antecipando as adaptações que temos a fazer”, defendeu o mesmo orador.
A proposta de André Barreto é que devemos apostar nos quatro activos que tornam o nosso destino turístico único e singular: o verde da natureza, o azul do mar, o cinzento das praias de calhau e o ocre representativo da nossa História e cultura. “Isto conjugado com aquilo que nós somos é o que faz sermos tantas vezes tão elogiados pela arte de bem receber”, concluiu.