Ensemble Eça de Saias estreia-se com 'Cartas do Campo e da Cidade'
O novo ciclo de concertos promovidos pela Associação Orquestra Clássica da Madeira
A Associação Orquestra Clássica da Madeira (AOCM) levará a palco, no próximo fim-de-semana, um novo ciclo de concertos intitulado 'Cartas do Campo e da Cidade', pelo Ensemble Eça de Saias, grupo instrumental que se apresentará pela primeira vez ao público.
Este é o terceiro conjunto de concertos organizado pela AOCM, resultado de um protocolo entre esta associação e a Secretaria Regional de Turismo e Cultura, através da Direcção Regional da Cultura, que pretende, além de valorizar o património arquitectónico barroco da Região Autónoma da Madeira, glorificar os órgãos históricos de várias igrejas, recentemente restaurados e enaltecer as especificidades e pormenores que constituem o repertório musical barroco.
O Ensemble Eça de Saias, composto por Teresa Leão (Bandolim), Sara Faria (Flautas de bisel), Romeu Curto (Guitarra) e Ricardo Mota (Bandola), pretende fazer referência à escritora Luísa Susana Grande Freitas Lomelino, ou Luzia, seu nome artístico.
Nascida em Portalegre no ano de 1875, passou grande parte da sua história na ilha da Madeira, pelo qual Luiz Peter Clode referiu que "embora nascida no continente, a Madeira era para ela a sua terra adoptiva”.
Luzia publicou o seu primeiro livro já com 45 anos, editando seguidamente mais oito obras, até ao momento da sua morte, no ano de 1945, no Funchal. Nos seus textos evidenciava a crítica à sociedade da época e às clivagens socioeconómicas. Foi por isso que José Martins dos Santos Conde lhe dedicou o livro intitulado 'Luzia, o Eça de Queiroz de Saias'.
O ensemble Eça de Saias pretende, neste ciclo de concertos, fazer um paralelismo entre as viagens de Eça de Queirós, entre os dois mundos distópicos da cidade e das serras através da música e sociedade barroca.
A música barroca, porque retrata uma panóplia de sentimentos e estados de alma, tais como tristeza, melancolia, raiva, furor, amor, inquietação, leveza, paz e ódio, entre outros e a sociedade com as suas diferenças sociais, de pobreza e riqueza, elegância e desmazelo, justiça e injustiça ou ainda urbano e rural.
Através das obras apresentadas por este quarteto, com uma formação instrumental atípica, envolvem o público em pinceladas de imagens contraditórias, fragrâncias diversas e sensações ambíguas.
Amanhã o concerto acontece no Palácio de São Lourenço (Funchal), às 19 horas; no sábado, será na Capela de São João Baptista (Funchal), às 17 horas; e no domingo apresentam-se no Solar do Aposento (Ponta Delgada), às 16 horas.