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Bebé morto por hipotermia em navio que tentava entrar em Itália

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Um bebé de 20 dias de idade foi encontrado morto num barco de migrantes pela guarda costeira italiana durante a madrugada de hoje, quando o organismo foi socorrer a embarcação perto da ilha de Lampedusa.

A criança, que partiu com a sua mãe, de 19 anos, da Costa do Marfim, sofria de problemas respiratórios e a família estava a tentar chegar a Itália para procurar tratamento.

O médico que examinou o cadáver não encontrou sinais de violência e concluiu que a morte foi provavelmente causada por hipotermia em conjunto com a condição frágil do bebé.

Esta será a segunda morte por hipotermia nos últimos dois dias, já que, na quarta-feira, uma mulher que estava a bordo de um barco com migrantes resgatado no mar Mediterrâneo também morreu, já depois de ter sido transferida de urgência para um hospital de Lampedusa.

A mulher viajava numa das duas embarcações com migrantes que foram localizadas a poucos quilómetros do porto da ilha situada entre a Sicília e o norte da África. Cada embarcação tinha mais de 40 pessoas a bordo.

Os barcos com migrantes que viajam, muitos em condições precárias e sem qualquer segurança, do norte de África para a Europa têm enfrentado, nos últimos dias, mais problemas para obter ajuda e atracar num porto seguro.

O novo Governo de extrema-direita de Itália, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, acusa as organizações humanitárias que resgatam migrantes no mar de encorajarem o fenómeno migratório, pelo que decidiu não autorizar ou não responder aos seus pedidos para atracar em portos italianos.

Vários navios com centenas de migrantes mantiveram-se, durante dias, ao largo da costa italiana, apesar da degradação do estado de saúde dos passageiros.

Na segunda-feira, o ministro das Infraestruturas italiano e líder do partido de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, sublinhou que a Europa "não pode deixar a Itália sozinha" e pediu ajuda para realojar os migrantes que chegam ao país.

A posição do Governo italiano está a criar um foco de tensão com França, já que os navios de resgate que não conseguem aportar em Itália acabam por se dirigir a outros países para fazer o desembarque.

O Governo francês acabou por permitir que o navio 'Ocean Viking', que está há vários dias no Mediterrâneo com centenas de migrantes a bordo, se dirigisse para França, mas o Governo de Paris acusou Roma de não respeitar os compromissos europeus assumidos.

"O navio está atualmente em águas territoriais italianas, existem regras europeias extremamente claras que foram aceites pelos italianos que são, de facto, os primeiros beneficiários de um mecanismo europeu de solidariedade financeira", disse na quarta-feira o porta-voz do executivo, Olivier Véran.

Pelo menos 1.337 pessoas desapareceram nas rotas de migração do Mediterrâneo Central este ano, de acordo com o Projeto de Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações (OIM).