São Paulo usará 'toda a força necessária' contra camionistas que apoiam Bolsonaro
O governador do estado brasileiro de São Paulo, Rodrigo Garcia, anunciou hoje que vai usar "toda a força necessária" contra camionistas que apoiam o Presidente, Jair Bolsonaro, e bloqueiam estradas em protesto contra a sua derrota nas eleições presidenciais.
"As eleições acabaram, vivemos em um país democrático (...) Há resultado das urnas e temos um Presidente eleito, que é Lula [da Silva]", disse Garcia num comunicado aos 'media' em São Paulo.
Desde a madrugada de segunda-feira, grupos de camionistas bloquearam várias rodovias do país por não aceitarem o resultado das eleições, que Luiz Inácio Lula da Silva venceu com 50,9% dos votos, contra 49,1% obtidos por Bolsonaro.
Alguns dos bloqueios em São Paulo estão dificultando o acesso ao aeroporto de Guarulhos, que é o aeroporto mais movimentado do país, o que já causou o cancelamento de pelo menos 25 voos, segundo a concessionária do aeroporto.
Os camionistas alegam que houve fraude nas eleições presidenciais, posição que Bolsonaro defendia antes do sufrágio, pois considera, sem provas, que o sistema de votação eletrónica poderia ser manipulado.
O chefe de Estado, que deixará o poder em 01 de janeiro de 2023, silenciou sobre o resultado das eleições desde que sua derrota foi oficializada na noite de domingo, aumentando a incerteza sobre qual será sua posição.
A maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil endossou uma decisão anterior que ordenou o fim dos bloqueios e que Garcia cumprirá imediatamente, conforme noticiado nesta terça-feira.
O governador de São Paulo, o estado mais rico e populoso do país, declarou que buscava "dialogar e negociar com aqueles manifestantes" para que desbloqueassem as estradas, mas que a partir de agora "aplicarão" o que a Justiça determinado.
Nesse contexto, anunciou "multas de 100 mil reais (quase 20 mil euros) por hora e por veículo" que estiver bloqueando as vias.
Também vão acionar a Polícia Militar, cuja gestão é de responsabilidade dos governos regionais, para "assinar" e "prender" aqueles que "resistirem" à desobstrução das estradas.
"Vamos usar toda a força necessária", incluindo "tropas de choque", disse Garcia.
O governador de São Paulo apoiou Bolsonaro na segunda volta das eleições presidenciais, mas foi firme em suas declarações e insistiu que "nenhuma manifestação fará a democracia retroceder."
Garcia afirmou que "São Paulo respeita a democracia e o Estado Democrático de Direito" e não permitirá "manifestações em que os resultados das eleições não sejam reconhecidos".
Os protestos, alegadamente inorgânicos e sem líder, já foram condenados por proeminentes apoiantes de Bolsonaro ligados ao agronegócio e à indústria de transportes, como a Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA).
Entre as estradas bloqueadas encontrava-se a Via Dutra, estrada que liga o Rio de Janeiro a São Paulo e a que regista maior volume de tráfego no Brasil.
A presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, responsabilizou o chefe de Estado brasileiro e acusou Bolsonaro de orientar "o caos no país".
O chefe de Estado e candidato derrotado, Jair Bolsonaro, ainda não telefonou a Lula da Silva para o felicitar e está há mais de 24 horas sem fazer qualquer declaração pública desde o anúncio do resultado das presidenciais de domingo.
Bolsonaro esteve reunido, na segunda-feira, no Palácio do Planalto, com vários ministros, mas até agora ainda não lançou qualquer informação sobre quando falará sobre as eleições presidenciais.
Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava obter um novo mandato de quatro anos.