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A Rainha

Com a morte da rainha Isabel II a monarquia morreu um pouco. Era ela o ícone representativo do regime monárquico. Respeitada pelos seus súbditos exerceu o mandato durante 70 longos anos e deixou-nos aos 96, falecendo na Escócia, sabe Deus porquê e, quem sabe, ela também.

Foi rainha por acaso do destino já que a descendência hereditária real foi interrompida quando o seu tio, sem filhos, abdica do trono. Herda o título o seu irmão e coloca Isabel, sua filha primogénita, na primeira linha da sucessão. Quando morreu, Isabel tinha 26 anos.

Coroada um ano depois granjeou simpatia e credibilidade, marcou a história britânica no pós-guerra, mostrou coragem, disponibilidade para o serviço público e intensa proximidade com as pessoas.

Nas exéquias, celebradas com pompa e circunstância e, entre nós, com excessivas e infindáveis reportagens, aconteceram grandes ajuntamentos populares significando a enorme reputação e carinho que muitos tinham pela monarca. Antes já era coroado rei o até então príncipe Carlos. É uma das características da monarquia, já se sabe quem vai ser muito antes de o ser. E a coroação acontece célere.

Cabe agora ao novo velho rei fazer por honrar o legado da mãe. Carlos III esteve anos a preparar-se para assumir a responsabilidade. Acumulou experiência e conhecimento. São as circunstâncias e a conjuntura de um mundo em convulsão que ditarão o sucesso do seu reinado.

Mas não só, já que a Commonwealth poderá esvair-se rapidamente e o próprio Reino Unido desunir-se com a Escócia a querer referendar a independência. Tudo ficará mais próximo caso o elo que ligava os vários países seja tão frágil quanto parecia a forte rainha.