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Comissão Europeia promete "financiamento adicional europeu" para energia

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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu hoje "financiamento adicional ao nível europeu" para investimentos em infraestruturas energéticas, anunciando nas próximas semanas "propostas mais pormenorizadas" devido à crise energética, que podem incluir tetos ao gás.

"O [pacote energético] REPowerEU tem tudo o que é necessário para tornar possível investir em infraestruturas críticas como gasodutos, interconectores e energias renováveis, mas também para investir em empresas e casas isolantes ou bombas de calor e outras tecnologias que são necessárias e, por isso, vamos analisar o financiamento adicional ao nível europeu para que todos os Estados-membros tenham a mesma oportunidade de investir na transição" energética, revelou Ursula von der Leyen.

Falando em conferência de imprensa, em Praga, no final de uma cimeira informal em que foi discutida a resposta do bloco comunitário à escalada dos preços da energia, com países como Portugal a insistirem na importância de uma resposta comum europeia, a líder do executivo comunitário vincou que a instituição tem "objetivos muito claros" para a UE.

"Em primeiro lugar, trata-se um aprovisionamento coordenado [no gás] e [...] o segundo objetivo é controlar os preços do gás, o que poderá ser feito de várias maneiras, nomeadamente tendo um corredor negociado com fornecedores de confiança", como com a Noruega, ou com "limites ao preço do gás", elencou.

Além disso, "é importante ver como se controla o preço do gás", nomeadamente face ao índice de referência TTF, e depois "é necessário verificar como se dissocia parcialmente a influência do preço do gás na formação do preço da eletricidade, o que pode ser o primeiro passo para uma reforma de longo alcance", apontou também Ursula von der Leyen.

A responsável adiantou que "todos estes tópicos foram discutidos [em Praga] tendo em vista que, no âmbito do roteiro, a Comissão apresente propostas mais pormenorizadas para as próximas semanas".

Um dos temas sobre a mesa nesta cimeira informal é então a imposição de um teto aos preços do gás, reclamada por um número crescente de Estados-membros, entre os quais Portugal, mas que tem merecido a oposição da Alemanha, criticada por várias capitais por optar antes por 'injetar' 200 mil milhões de euros para ajudar famílias e empresas a fazer face aos preços da energia, no que muitos Estados-membros, que não têm a mesma capacidade orçamental, entendem como uma posição individualista, com a 'cobertura' da Comissão Europeia.

Nas declarações à imprensa, Ursula von der Leyen disse ser necessário "evitar a fragmentação" ao nível da UE, avançando por isso com o anúncio de mais verbas para infraestruturas energéticas para "que todos os países disponham dos recursos necessários para investir em energia limpa".

"Esta é uma opinião que foi amplamente partilhada vezes sem conta [já que] o mercado único provou ser o nosso melhor trunfo único em tempos de crise. Portanto, temos de preservar que é da maior importância que tenhamos condições equitativas e que evitemos a fragmentação e a distorção", concluiu Ursula von der Leyen.

Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, garantiu existir ao nível dos 27 líderes da UE "uma vontade comum para uma abordagem europeia comum".

"Todos nós compreendemos que não é possível avançar com 27 iniciativas nacionais e que essa abordagem não iria permitir ultrapassar os desafios e dificuldades", adiantou Charles Michel.

As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, desde logo porque a UE ainda depende dos combustíveis fósseis russos, como o gás, e teme cortes no fornecimento este outono e inverno.