EUA sanciona autoridades iranianas por limitarem acesso à Internet
Os Estados Unidos impuseram ontem mais sanções a funcionários do Governo do Irão em resposta às limitações no acesso à Internet, à repressão e à violência infligida a manifestantes nos protestos que abalam o país.
O Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros do Tesouro norte-americano puniu financeiramente sete altos dirigentes, anunciou a instituição.
Os ministros do Interior e da Comunicações do Irão foram alvo de sanções, juntamente com vários outros governantes.
A medida dos Estados Unidos surge algumas horas depois de o ex-ministro da Defesa britânico Liam Fox ter defendido também a aplicação de sanções ao Irão.
Liam Fox sugeriu que o Reino Unido recuse assinar o acordo sobre o programa nuclear iraniano (Plano de Ação Global Conjunto, JCPOA na sigla em inglês) "até que se torne mais duro" para Teerão, que sancione a Guarda Revolucionária iraniana (divisão de elite das Forças armadas) e interdite a companhia aérea Iran Air.
A República islâmica tem sido palco de protestos desde que Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana de 22 anos, morreu a 16 de setembro depois de ter sido presa em Teerão pela polícia da moralidade por violar um código de vestuário que exige que as mulheres usem véus.
Pelo menos 154 pessoas morreram na sequência da repressão exercida pelas forças de segurança iranianas contra os protestos, segundo denunciou hoje a organização não-governamental (ONG) Human Rights Iran (HRI).
As autoridades iranianas estimam o número de mortos em cerca de 60, incluindo 12 membros das forças de segurança, reconhecendo que foram detidas mais de mil pessoas.
De acordo com o Departamento de Estado norte-americano, as ações de hoje são tomadas de acordo com duas Ordens Executivas, que autorizam sanções em relação a graves abusos de direitos humanos e censura por parte do governo do Irão.
Também hoje, o Departamento de Estado norte-americano reiterou que continua a apoiar "os bravos cidadãos e as corajosas mulheres do Irão que estão agora a manifestar-se para garantir os seus direitos básicos", acrescenta a nota.
"Os Estados Unidos condenam a contínua repressão violenta do Governo iraniano aos protestos após a trágica morte de Mahsa Amini, de 22 anos, sob custódia da chamada polícia da moralidade. Desde então, o Governo iraniano reprimiu o direito à liberdade de expressão e o direito de reunião pacífica, inclusive fechando o acesso à Internet", indicou o Departamento de Estado em comunicado.
Na terça-feira, a União Europeia (UE) manifestou que pretende sancionar o Irão através de "medidas restritivas" pela "morte de Mahsa Amini e a forma como as forças de segurança reagiram às manifestações".
"Com os Estados-membros, continuaremos a examinar todas as opções à nossa disposição, incluindo medidas restritivas", declarou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, perante os deputados do Parlamento Europeu reunidos em sessão plenária em Estrasburgo.
Borrell adiantou que os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE vão analisar as possíveis "medidas restritivas" quando se reunirem em finais de outubro no Luxemburgo.