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Teerão divulga vídeo de alegados agentes franceses acusados de espionagem

Protestos pró-governo, que afirma que a onda de manifestações é instigada pelos EUA e Israel.   Foto EPA/ABEDIN TAHERKENAREH
Protestos pró-governo, que afirma que a onda de manifestações é instigada pelos EUA e Israel.   Foto EPA/ABEDIN TAHERKENAREH

O Irão divulgou hoje um vídeo revelando dois cidadãos franceses detidos confessando agir em nome dos serviços de segurança franceses, quando Teerão acusa o Ocidente de manipular protestos no seu país.

O vídeo, divulgado pela agência de notícias estatal IRNA, mostra dois cidadãos franceses, Cécile Kohler e Jacques Paris, que são sindicalistas ligados à Federação Nacional de Educação, Cultura e Formação Profissional da França.

Nos últimos dias, Teerão acusou o Ocidente de estar a usar e manipular os protestos pela morte de Mahsa Amini, a jovem que morreu sob custódia policial após ser detida pela polícia moral do país.

O Irão - que usa ocidentais detidos como moeda de troca nas negociações - não apresentou qualquer prova para apoiar as acusações de espionagem ou ativismo contra estes dois cidadãos franceses.

Por causa da repressão contra os manifestantes iranianos -- que já provocou dezenas de mortes, segundo organizações internacionais - a União Europeia anunciou que está a ponderar avançar com possíveis sanções contra o Irão, nas próximas semanas.

O vídeo hoje divulgado lembra outras imagens em que o regime de Teerão obrigou os prisioneiros a confessar crimes contra o regime.

Neste vídeo, Cécile Kohler usa um lenço na cabeça e descreve-se como uma "agente de informações e de operações ao serviço de uma agência francesa" e Jacques Paris admite que a sua missão era "pressionar o Governo do Irão".

O vídeo faz parte do que é descrito como um documentário a ser exibido na televisão estatal iraniana, com denúncias que procuram provar que estes dois agentes teriam como função trazer dinheiro do Ocidente para provocar dissidência.

O Governo francês ainda não reagiu à divulgação das imagens, mas, em maio, já tinha exigido a libertação destes cidadãos, condenando o que classificou como "detenções infundadas".