Coreia do Norte admite que mísseis são "retaliação" contra EUA e Coreia do Sul
A Coreia do Norte admitiu hoje que os recentes lançamentos de mísseis balísticos são "medidas de retaliação" contra os Estados Unidos e a Coreia do Sul.
Segundo uma declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, os recentes lançamentos de mísseis balísticos de Pyongyang são "medidas de retaliação" contra os exercícios militares conjuntos conduzidos por Seul e Washington na região.
Os lançamentos são "as justas medidas de retaliação do Exército Popular da Coreia contra os exercícios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos que estão a aumentar as tensões militares na Península da Coreia", assinalou em comunicado.
Na quarta-feira à noite, a Coreia do Sul acusou Pyongyang de ter lançado mais um míssil balístico na zona ocidental do seu território marítimo.
A denúncia foi feita pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas da Coreia do Sul, que não deu detalhes sobre até onde voou o projétil.
O lançamento ocorreu dois dias depois de a Coreia do Norte ter disparado um míssil de alcance intermédio sobre o Japão, pela primeira vez em cinco anos, numa aparente resposta aos exercícios militares dos EUA com a Coreia do Sul e o Japão.
O míssil norte-coreano viajou cerca de 4.500 quilómetros antes de cair nas águas do Oceano Pacífico.
O projétil balístico atingiu uma altura de cerca de mil quilómetros e sobrevoou principalmente o Estreito de Tsugaru, que separa as ilhas de Hokkaido (norte) e Honshu, onde fica Tóquio.
É a primeira vez desde 2017 que a trajetória de um míssil norte-coreano inclui parte do território japonês, facto que o Japão classificou como "uma ameaça grave e iminente" à sua segurança e como "um claro e grave desafio à comunidade internacional".
Também na quarta-feira, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Rússia e a China demarcaram-se de uma condenação geral ao teste com um míssil balístico realizado pela Coreia do Norte e que sobrevoou o território do Japão.
Excetuando a Rússia e a China, todos os membros do Conselho de Segurança criticam o lançamento do míssil norte-coreano, referindo que foram violadas várias resoluções das Nações Unidas.
Parte dos países pediu ainda medidas adicionais contra o Governo de Pyonyang, que já está sujeito a fortes sanções internacionais.
Porém, a imposição de novas sanções parece impossível devido à posição da Rússia e da China que, em maio, já vetaram uma resolução nesse sentido, tendo hoje mantido a mesma linha de orientação.
Moscovo e Pequim culparam os Estados Unidos e os seus aliados pelos últimos testes de armas realizados pela Coreia do Norte, afirmando que estes foram realizados em resposta às suas manobras militares na região.
Os dois países insistiram que é Washington que deve fazer concessões para facilitar o regresso ao diálogo com Pyongyang e que não consideram apropriadas novas sanções.