Explosão em mesquita de Cabul faz pelo menos quatro mortos
Um atentado suicida ontem numa mesquita do Ministério do Interior do Afeganistão, em Cabul, fez pelo menos quatro mortos, e outras 25 pessoas ficaram feridas.
"Infelizmente, hoje à tarde uma explosão numa mesquita do Ministério do Interior deixou quatro pessoas mortas e 25 feridas", disse o porta-voz do governo talibã, Abdul Nafi Takoor, no Twitter.
O porta-voz explica à agência Efe, que esta trata-se "uma mesquita secundária, a uma certa distância do Ministério, onde normalmente os visitantes do Ministério e alguns funcionários do Ministério realizam as suas orações".
Este é o segundo atentado em menos de uma semana na capital afegã.
O Hospital de Urgência, gerido pela Organização Não Governamental (ONG) italiana com o mesmo nome, anunciou num 'tweet' que tinha recebido 20 doentes, dois dos quais já estavam mortos quando chegaram, "após um atentado a bomba numa mesquita do Ministério do Interior".
À chegada ao hospital, os feridos alegaram que o ataque tinha sido perpetrado por um "bombista suicida", disse em comunicado à imprensa o diretor do Hospital de Urgência no Afeganistão, Dejan Panic.
"Eles disseram que viram um homem que fez explodir um engenho", explicou Panic, assegurando tratar-se de "um atentado suicida".
As vítimas recebidas no hospital são todas homens, acrescentou.
Na tarde de hoje o hospital começou a ser vigiado de perto pelas forças de poder dos talibãs, que foram mobilizadas em grande número apara perto do local da explosão.
O porta-voz do Ministério do Interior, Abdul Nafy Takor, disse à agência AFP que havia indicação de uma explosão ocorrida "perto do ministério, numa mesquita onde alguns funcionários e visitantes costumam rezar".
"Uma investigação está em curso. Os detalhes serão dados mais tarde", avançou.
O regresso ao poder dos talibãs, em agosto de 2021, encerrou duas décadas de guerra no Afeganistão e levou a uma redução significativa da violência, mas os ataques aumentaram nos últimos meses.
Na sexta-feira passada, um ataque suicida contra um centro educativo em Cabul fez 53 mortos, incluindo pelo menos 46 meninas, além de 110 feridos, segundo o último relatório divulgado segunda-feira pela Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Manua).
As autoridades talibãs mantinham um balanço de 25 mortos e 33 feridos.
Este ataque perpetrado num distrito que abriga a minoria xiita hazara não foi reivindicado. As meninas foram as principais vítimas do assaltante, que entrou pela frente da sala onde estavam reunidas, ficando os meninos sentados no fundo da sala.
No fim de semana, manifestações esporádicas, lideradas por mulheres, ocorreram em Cabul e outras cidades para denunciar o ataque, essas iniciativas foram imediatamente reprimidas pelas forças talibãs, que dispararam para o ar várias vezes para dispersar os manifestantes.
A educação das meninas afegãs é uma questão extremamente sensível no Afeganistão, um país de maioria sunita.
Os talibãs proibiram as meninas de frequentar o ensino secundário e, embora as estudantes do sexo feminino sejam admitidas na universidade, o seu número deverá diminuir com o passar dos anos, por incapacidade de aceder a este nível sem ter frequentado o ensino secundário.
O regime talibã também combate a comunidade hazara, que considera herege, visão também partilhada pelo núcleo regional do grupo 'jihadista' Estado Islâmico, o EI-K, que se opõe igualmente à educação de meninas e raparigas.