PSDB abstém-se de escolher entre Lula e Bolsonaro
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que governou o país durante oito anos, absteve-se de escolher entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva para a segunda volta das eleições presidenciais.
A liderança nacional do partido que já foi uma das maiores forças eleitorais do Brasil preferiu manter a neutralidade na segunda volta e libertou assim os seus comités regionais e filiados para anunciarem o apoio que desejam de acordo com as suas convicções.
Lula venceu a primeira volta das eleições presidenciais de domingo com 48,4% dos votos válidos, cinco pontos à frente de Jair Bolsonaro.
Como nenhum deles recebeu mais de metade dos votos, terão de se confrontar de novo a 30 de outubro.
A decisão de neutralidade do PSDB foi anunciada depois de alguns líderes do partido, como o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, ter anunciado o seu apoio "incondicional" a Bolsonaro e outros, como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ter dito que estava a negociar o apoio do Partido dos Trabalhadores de Lula (PT).
As divergências devem-se ao facto de em alguns estados onde as governações serão decididas numa segunda volta, os candidatos PSDB precisarem do apoio de Lula ou Bolsonaro para as suas campanhas.
O PSDB foi protagonista em todas as eleições presidenciais entre 1994 e 2014, nas quais os seus candidatos estiveram sempre entre os dois mais votados, mas perdeu força nos últimos anos e emergiu das eleições de 2022 como um partido minoritário, sem quaisquer cargos de governador e com menos de 20 deputados.
Este ano foi a primeira vez que o partido não concorreu com um candidato presidencial, preferindo apoiar a candidatura da senadora Simone Tebet, candidata do Movimento Democrático Brasileiro de centro-direita (MDB), a terceira mais votada no domingo.
A senadora Mara Gabrilli, também membro do PSDB, candidata a vice-presidente de Tebet, já anunciou que não escolhe entre Lula e Bolsonaro.
"No 2.° turno opto pelo voto em branco. Não dou meu voto para nenhum dos dois. Fico ao lado dos brasileiros e apoiarei o governo que defender meus ideais de país: inclusão, ciência, combate à corrupção, à fome e desigualdade. Serei oposição sensata. Serei sempre construção", declarou.
Por seu lado, o Partido da Cidadania, que faz parte de uma federação partidária com o PSDB e também apoiou a candidatura de Tebet, anunciou na terça-feira o seu apoio a Lula na segunda ronda.
O mesmo aconteceu com o Partido Democrático do Trabalho (PDT), o partido que nomeou o antigo ministro Ciro Gomes - o quarto mais votado nas presidenciais.