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Oposição na Venezuela acusa Governo de receber guerrilha colombiana que financia e protege

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A oposição venezuelana questionou hoje o encontro entre representantes do Exército de Libertação da Colômbia (ELN) e do Presidente daquele país, Gustavo Petro, e acusou o Governo da Venezuela de receber a guerrilha que financia e protege.

"A ditadura é sincera quando recebe em La Casona, a antiga casa presidencial na Venezuela (...) o ELN, que financia e protege, para fazer avançar um suposto acordo de paz quando o próprio [Nicolás] Maduro [Presidente da Venezuela] tem ignorado a necessidade de um acordo social na Venezuela para atender a emergência humanitária que se reflete nas escolas destruídas ou nos salários de fome dos professores", disse o líder opositor, Juan Guaidó, aos jornalistas.

Segundo Juan Guaidó "para que haja paz na Colômbia e na região, tem de haver democracia na Venezuela" o que "será impossível" enquanto "Maduro continuar a usurpar o poder".

"Para que haja paz na região, na Colômbia, tem de haver democracia na Venezuela, tem de haver estabilidade na região. Não é fazendo caretas a um ditador, nem promovendo a brancura de uma ditadura, pelo contrário, é promovendo o Estado de direito, a estabilidade, a paz, a democracia. Claro que queremos a paz para a Colômbia, mas obviamente que enquanto um ditador como Maduro proteger e financiar estes grupos terroristas, será cada vez mais complexo", disse.

"A ditadura revela cinicamente não que uma delegação do ELN tenha chegado, mas que os mantém protegidos na Venezuela. O nosso papel é o de recuperar a democracia", insistiu Guaidó.

"Para nós é um dever proteger os mais vulneráveis, procurar os incentivos certos para procurar uma eleição livre e justa que nos é devida desde 2018, e, claro, procurar a libertação de todos os presos políticos na Venezuela, civis e militares, que hoje, como diz o recente relatório da ONU, estão a ser torturados, perseguidos e assediados", disse.

Segundo Guaidó "deve ficar claro para essa cadeia de comando que o interesse de Maduro é simplesmente proteger (...) os que lhe estão mais próximos (...) não estão interessados nos venezuelanos".

O Governo da Colômbia e o grupo de guerrilha Exército de Libertação Nacional confirmaram em Caracas o reatamento na primeira semana de novembro das conversações de paz, abandonadas desde 2019.

Delegados de ambas as partes convocaram uma conferência de imprensa na capital venezuelana, onde, acompanhados por representantes da Igreja Católica, de Cuba e da Noruega confirmaram o reinício das negociações.

Horas depois, o Presidente colombiano partilhou nas redes sociais um comunicado conjunto em que tanto o Governo como o ELN confirmam o retorno ao caminho dos acordos e dos avanços obtidos nas conversações de 2016.

"Anuncia-se o restabelecimento do processo de diálogo na primeira semana do mês de novembro de 2022", indica-se na nota, na qual também se refere que a participação da sociedade civil nas conversações de paz é "essencial".

O Alto-Comissário para a Paz na Colômbia, Ivan Danilo Rueda, o primeiro comandante do ELN, António García, e o segundo-comandante da guerrilha, Pablo Beltrán, assinam o comunicado, no qual também se agradece o papel de mediadores dos países, da Igreja Católica e da Missão de Verificação das Nações Unidas.