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Piloto russo morre em queda de avião militar no Mali

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Um piloto russo foi hoje morto no Mali quando o avião que pilotava, recentemente entregue ao exército maliano, caiu perto de Gao, informou um oficial das forças armadas malianas, sob condição de anonimato.

A mesma fonte não deu razões para a queda do avião e explicou apenas que estava "a regressar de uma patrulha" e que se tratava de um Albatross, um avião de conceção checoslovaca, originalmente destinado a treino mas utilizado frequentemente como caça pelos países que o possuem.

De acordo com o oficial maliano, o aparelho faz parte de um conjunto de "novas aquisições" das forças armadas do país.

O Mali recebeu equipamentos militares da Rússia, incluindo aviões de combate e helicópteros, em março e novamente em agosto últimos.

As relações entre a junta militar no poder em Bamako e Paris deterioraram-se ao longo deste ano, particularmente desde a chegada ao Mali dos mercenários russos do grupo Wagner, que colocou um ponto final a nove anos de presença francesa militar ininterrupta no Mali onde combatia os grupos extremistas islâmicos.

Após meses de animosidade, as autoridades malianas anunciaram em maio deste ano que consideravam nulo e sem efeito o tratado de cooperação no domínio da defesa assinado em 2014 com a França, bem como os acordos de 2013 e 2020, que estabeleciam o quadro da presença da Operação Barkhane e o reagrupamento de forças especiais europeias Takuba, iniciado pela França e no qual Portugal chegou a participar com cerca de duas dezenas de militares.

As relações entre o Mali e as Nações Unidas, cujas forças de manutenção da paz (Minusma) se encontram no país desde 2013, também atravessaram vários momentos de tensão nos últimos meses, a última das quais ocorreu na última Assembleia Geral das Nações Unidas em finais de setembro, onde o governo maliano acusou a missão de não ter atingido os seus objetivos e defendeu como necessária uma "mudança de paradigma" e uma maior coordenação com as autoridades malianas.

O mesmo evento foi palco para uma dura acusação do primeiro-ministro interino das autoridades de transição malianas, Abdoulaye Maiga, a França, que disse estar a "armar, financiar e equipar grupos terroristas" no Mali.

No seu discurso na Assembleia Geral da ONU, Maiga acusou ainda a França de "apunhalar o povo maliano pelas costas" quando anunciou unilateralmente, em junho de 2021, a retirada da força antiterrorista francesa Barkhane do país, concluída este ano, o que levou a uma grave crise bilateral e a grandes manifestações anti-França em Bamako.

A Minusma é a missão das Nações Unidas com o maior número de baixas entre os seus efetivos devido aos constantes ataques terroristas, sendo também objeto da crescente hostilidade da população maliana.