Central nuclear de Zaporijia novamente bombardeada e com cortes de energia
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) confirmou hoje que nos últimos dias ocorreram novos bombardeamentos ao redor da central nuclear de Zaporijia, na Ucrânia, e ainda uma explosão que cortou a principal ligação elétrica a um dos reatores.
"A explosão ocorreu na tarde de ontem [domingo] do lado de fora do perímetro da central nuclear", a maior da Europa, referiu a agência da ONU em comunicado.
Este incidente, que resultou da explosão de uma mina terrestre, desconectou "a linha de energia externa de 750 quilovolts (kV) entre o pátio de manobra da central e o transformador elétrico principal da unidade 4 do reator", acrescentou.
Localizada no sudeste da Ucrânia, a fábrica de Zaporijia é controlada pela Rússia, embora trabalhadores ucranianos se mantenham nas instalações, apesar dos combates regulares naquela zona.
A equipe de especialistas que a organização internacional enviou para o local informou que houve bombardeamentos ao redor da fábrica nos últimos dias.
"Ontem [domingo], bombardeamentos perto do pátio da central desconectaram temporariamente uma das três linhas de energia em espera da central, através das quais a cidade de Enerhodar estava a receber eletricidade. Essa linha de 150 kV foi restabelecida mais tarde naquele mesmo dia", acrescentou a AIEA.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, que há semanas que procura mediar entre Moscovo e Kiev o estabelecimento de uma área de proteção militar ao redor da central, voltou hoje a manifestar a sua preocupação com o risco de um acidente atómico, devido aos bombardeamentos na região, sendo que os dois países em guerra trocam acusações sobre a responsabilidade destes.
A situação dos trabalhadores ucranianos também preocupa o responsável da agência com sede em Viena, salientando que as suas condições de trabalho são "cada vez mais difíceis e stressantes".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.430 civis mortos e 9.865 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.