Um Pão-por-DEUS já muito velhinho e tão saudoso!
Olhando o tempo decorrido até aos dias de hoje, tantos Pão-por-DEUS já passaram!
Hoje, afastando as cortinas da janela do meu ser, é com imensa ternura e saudade que recordo esse acontecimento.
Estava eu na verdura dos meus 20 anos e leccionando pela 1ª vez no Curral das Freiras. À minha frente estavam 30 crianças de batinha branca e de saco de pano a tiracolo, com o lanchinho, o lápis, a borracha e o afiador. Estas eram todas as suas riquezas. Mas eram felizes!
Aproximava-se o Pão-por-Deus e eu pensava com alguma dificuldade no que ia fazer com elas. Com certeza, já teriam celebrado no ano anterior esta data, uma vez que estavam na 2ª classe. O meu receio, era o que pedir a quem tão pouco tinha? Depois de muito pensar resolvi fazer o Pão-por-Deus do coração. Arranjei 31 corações de papel e pedi-lhes pra cada um pintar “um coração que passaria a ser o seu “ e colocar na parte detrás um do nomes que escrevi no quadro, nomeadamente: ternura, perdão, carinho, alegria, ajuda, gostar, aceitar, entre outros. Os corações foram colocados num saco, onde existiam 31 chocolatinhos. Cada um tirava do saco um coração e um chocolate que iria oferecer ao colega do lado depois de lhe desejar o que estava escrito no coração. Eu participaria também. Expliquei-lhes que este era o nosso Pão-por-Deus, o Pão-por-Deus do nosso coração.
Nunca mais esqueci a alegria estampada no rosto daquelas crianças e a certeza de que, com tão pouco, fizemos TANTO!
Um Santo Pão-por-Deus!
Graziela Camacho