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Putin recebe líderes para promover a assinatura de tratado de paz arménio-azeri

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Foto EPA

O Presidente russo recebeu hoje o homólogo azeri e o primeiro-ministro arménio para analisar a situação no sul do Cáucaso e um eventual futuro tratado de paz para pôr termo às divergências políticas e militares entre Erevan e Baku.

"O conflito [entre a Arménia e o Azerbaijão] já dura há décadas e tudo deve ser feito para acabar com ele", disse o Presidente russo, Vladimir Putin, depois de se reunir com Nikol Pashinyan, primeiro-ministro da Arménia. 

Putin, que também se reuniu com Ilham Aliev, Presidente do Azerbaijão, afirmou que será necessário que as duas partes, com o apoio do Moscovo, encontrem uma forma de avançar no processo de normalização das relações bilaterais.

Pashinyan, por seu lado, disse estar de acordo com a proposta russa para resolver o conflito, que passa também pela resolução das divergências em torno de Nagorno-Karabakh, reconhecido internacionalmente como parte integrante do Azerbaijão, mas habitado maioritariamente por arménios e palco de graves confrontos militares.

O primeiro-ministro arménio manifestou a disposição de abrir, "em qualquer momento", as estradas arménias que ligam o país ao Azerbaijão, no quadro da iniciativa para desbloquear as comunicações e transportes, mas sublinhou que tudo deve passar pelo "controlo total" de Erevan e que deve ajustar-se à jurisdição do país.

Aliev, sem adiantar pormenores a esse respeito, disse ter afirmado a Putin que a questão de Nagorno-Karabakh "faz já parte da história".

"O conflito foi resolvido há dois anos e nesse contexto quase não há o que falar. O formato para a normalização da relação entre a Arménia e o Azerbaijão requer passos sérios", afirmou o Presidente azeri, que disse ainda confiar no "papel ativo" da Rússia para atingir esse objetivo.

Aliev lembrou que Baku apresentou cinco condições para a normalização das relações com a Arménia, incluindo o reconhecimento da integridade territorial das partes em causa na fronteira entre os dois países.

Ainda sem data definida, os líderes dos três países vão realizar, em breve, uma reunião trilateral, que pode terminar com a aprovação de uma declaração conjunta, indicou o Kremlin.

Domingo, no disputado território de Nagorno-Karabakh decorreu um grande comício em que dezenas de milhares dos seus habitantes reiteraram o apoio à independência do enclave e pediram à Rússia que continue a garantir a segurança na região.

Os dois países disputam várias zonas de fronteira, incluindo o território de Nagorno-Karabakh, um enclave no Azerbaijão ocupado pela Arménia, que provocou um violento conflito armado entre 1993 e 1994, com milhares de vítimas, antes de um cessar-fogo que tem sido diversas vezes violado.

Enclave separatista arménio em território do Azerbaijão, país vizinho do Irão, o território do Nagorno-Karabakh foi novamente palco de violentos combates entre forças arménias e azeris em setembro e outubro de 2020, que provocou cerca de 6.500 mortos.

O Nagorno-Karabakh, habitado na época soviética por uma maioria arménia cristã e uma minoria azeri muçulmana xiita, efetuou a secessão do Azerbaijão após a queda da URSS, motivando uma guerra com 30.000 mortos e centenas de milhares de deslocados. 

No entanto, em setembro deste ano, e depois de novos e violentos combates, os governos da Arménia e do Azerbaijão concordaram em respeitar um cessar-fogo, sob a égide da Rússia.

Os combates de setembro foram os mais graves desde 2020, quando os dois países se confrontaram novamente pelo controlo de Nagorno-Karabakh.