Ministro arrepende-se de ataque a tribunal sobre alegado crime eleitoral
O ministro das Comunicações do Brasil mostrou-se hoje arrependido da conferência de imprensa que fez na qual denunciou alegados crimes de utilização de espaços de propagada eleitoral na rádio.
"A falha era do partido, que percebeu o problema tardiamente, e não do tribunal. Como havia pouco tempo para o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] fazer uma investigação mais aprofundada, eu iniciei um diálogo com o tribunal em torno do assunto", redimiu-se Fábio Faria.
O ministro das comunicações iniciou na segunda-feira uma estratégia, seguida depois pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
De acordo com a denúncia, há 154.085 anúncios que não foram veiculados. Segundo a campanha de Bolsonaro, a maioria desta alegada fraude eleitoral foi registada no Nordeste do país, conjunto de nove estados cuja população apoia na sua esmagadora maioria Lula da Silva na eleição presidencial que ocorre no domingo.
Três dias depois Jair Bolsonaro, criticou a decisão das autoridades eleitorais de negarem uma investigação a alegados crimes eleitorais que fazem com que a sua candidatura presidencial esteja a perder votos em certas localidades.
"Em certos locais que achei que iria bem e poderia até ganhar, vimos que perdemos. As inserções fizeram ou poderiam ter feito a diferença. Não existe outro fator que podemos levar em conta nesse momento", afirmou o candidato, na sede oficial da presidência brasileira, tecendo duras críticas às autoridades eleitorais.
Vários apoiantes de Bolsonaro, incluindo altas figuras, começaram até a apelar para o adiamento das eleições por causa deste caso.
"Me arrependi profundamente de ter participado daquela entrevista coletiva. Se eu soubesse que iria escalar, eu não teria entrado no assunto", disse agora Fábio Faria, citado na imprensa local.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, indicou que as provas apresentadas pela campanha de Bolsonaro não tinham "base documental crível, ausente, portanto, qualquer indício mínimo de prova".
O responsável máximo da justiça eleitoral disse ainda que a campanha de Bolsonaro, com estas acusações, poderá ter cometido crime eleitoral, "com a finalidade de tumultuar" a segunda volta das eleições agendadas para domingo.
Por essa razão, Fábio Faria admitiu hoje que "a falha era do partido, que percebeu o problema tardiamente, e não do tribunal".
Luiz Inácio Lula da Silva venceu a primeira volta das eleições com 48,4% dos votos e Jair Bolsonaro recebeu 43,2%, pelo que os dois candidatos terão de se enfrentar numa segunda volta marcada para domingo.