Rússia volta a insistir na acusação de armas biológicas apoiadas pelos EUA
A Rússia voltou hoje a convocar o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para insistir que a Ucrânia, apoiada pelos Estados Unidos, possuiu laboratórios que desenvolvem armas biológicas, acusação negada pelos países envolvidos.
No seu posicionamento, o embaixador russo junto à ONU, Vasily Nebenzya, indicou ter provas da participação do Departamento de Defesa norte-americano em laboratórios ucranianos perto da fronteira com a Rússia.
Já o representante do departamento de Assuntos de Desarmamento da ONU Adedeji Ebo salientou que as Nações Unidas continuam a "não ter conhecimento de qualquer programa de armas biológicas" no país.
"Estamos cientes de que a Federação Russa apresentou uma queixa oficial sobre alegações de programas de armas biológicas na Ucrânia. Como a alta representante Izumi Nakamitsu já havia informado ao conselho em março e maio deste ano, as Nações Unidas não estão cientes de nenhum desses programas de armas biológicas na Ucrânia", disse Ebo, observando que a ONU "não tem o mandato, nem a capacidade técnica ou operacional de investigar essas informações".
Esta é a quarta reunião do Conselho de Segurança convocada por Moscovo para debater este tema.
No encontro de hoje, e tal como aconteceu nas outras três sessões, vários diplomatas acusaram a Rússia de divulgar teorias da conspiração e de fazer o Conselho "perder tempo"
"Francamente, esta reunião é uma perda de tempo para todos. A Rússia chamou-nos aqui, mais uma vez, com o único propósito de espalhar desinformação. Todos sabemos que essas alegações são puras invenções, apresentadas sem um pingo de evidência. E atrevo-me a dizer que a delegação russa sabe que essas acusações são fabricadas. Mas cumprem obedientemente as ordens de marcha do Presidente Putin", disse a embaixadora norte-americana, Linda Thomas-Greenfield.
"A Ucrânia não tem um programa de armas biológicas. Os Estados Unidos não têm um programa de armas biológicas. Não há laboratórios ucranianos de armas biológicas apoiados pelos Estados Unidos", frisou a diplomata.
Thomas-Greenfield esclareceu ainda que a Ucrânia possui e opera uma infraestrutura de laboratórios de saúde pública, "assim como muitos países que procuram se proteger de doenças infecciosas".
"Estas instalações permitem detetar e diagnosticar doenças", salientou.
"É Moscovo que há muito mantém um programa de armas biológicas que viola o direito internacional. E é Moscovo que tem um histórico bem documentado de uso de armas químicas e tem blindado de responsabilização o regime de Bashar al-Assad (Presidente da Síria), que tem usado repetidamente armas químicas", acrescentou.