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Israel e Líbano oficializam acordo sobre fronteira marítima

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Israel e Líbano oficializaram hoje o acordo sobre a fronteira marítima, que lhes permite explorar gás em águas mediterrâneas, numa cerimónia na sede da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), na cidade libanesa de Naqoura.

Antes do ato solene na sede da UNIFIL, os líderes dos dois países assinaram o documento nas respetivas sedes de governo.

O Presidente libanês, Michel Aoun, foi o primeiro a subscrever o texto logo pela manhã no Palácio Presidencial de Beirute, enquanto, algumas horas depois, o primeiro-ministro israelita, Yair Lapid, o fez no seu gabinete em Jerusalém.

A cerimónia na sede da UNIFIL ocorreu à porta fechada e não foi divulgada nenhuma imagem do encontro, mas fontes do Governo de Israel confirmaram à agência de notícias EFE que as duas delegações estiveram juntas na mesma sala, sem interação direta ou apertos de mão.

Segundo a EFE, foi adiantado que estariam em espaços separados sem ficarem cara a cara.

A coordenadora da ONU para o Líbano, Joanna Wroneka, confirmou na tarde de hoje que recebeu cartas na UNIFIL com as coordenadas de fronteira assinadas pelos dois Estados e que a mesma as vai levar à sede do organismo liderado pelo português António Guterres em Nova Iorque, nos Estados Unidos.

"A energia tornou-se uma questão crucial na área diplomática. Provamos hoje como dois países inimigos, mas com interesses comuns em questões energéticas, podem criar vínculos", disse o diretor-geral do Ministério da Energia de Israel, Lior Schillat -- líder da delegação israelita --, ao regressar ao país, na cidade de Rosh Hanikra, na fronteira com o Líbano, na costa mediterrânea.

O governo de Israel aprovou hoje um acordo fronteiriço histórico com o Líbano durante uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, anunciou o gabinete do primeiro-ministro em funções Yair Lapid.

"O governo de Israel acaba de aprovar o acordo sobre a fronteira marítima entre Israel e o Líbano", disse o gabinete de Lapid.

"Não é todos os dias que um país inimigo reconhece o Estado de Israel através de um acordo escrito e perante a comunidade internacional", disse Lapid durante a reunião do governo israelita, destacando que o pacto é um marco em matéria de "segurança, economia e energia".

O acordo de demarcação de fronteiras marítimas com o Líbano vai ser assinado ainda hoje numa cerimónia oficial no sul do Líbano.

A aprovação, por parte do Executivo de Israel, marca a última etapa do processo antes da assinatura final do pacto.

O presidente do Líbano, Michel Aoun, aprovou hoje de manhã o acordo, no Palácio Presidencial em Beirute, na presença de Amos Hochstein, mediador norte-americano, que geriu negociações "indiretas" entre os dois países - que não mantêm relações diplomáticas.

Também o líder do Hezbollah pró-iraniano no Líbano anunciou hoje que o movimento pôs fim a todas as medidas militares excecionais impostas nos últimos meses a Israel após a conclusão do acordo sobre a delimitação da fronteira marítima bilateral.

Num discurso, Hassan Nasrallah, que ameaçou Israel se começasse a extrair gás do campo de Karish antes de se assinar um acordo, saudou aquilo que considerou ser "uma grande vitória" para o Líbano.

Nasrallah assegurou, todavia, que o acordo alcançado hoje "não é um tratado internacional nem um reconhecimento de Israel".

"Com a conclusão do acordo [...] a missão da Resistência acabou. Todas as medidas e provisões e as mobilizações excecionais e específicas da Resistência nos últimos meses terminaram", anunciou o líder do Hezbollah.