São tantos e tão variados os assuntos que arreliam o nosso quotidiano que hoje tentarei abordar alguns dos mais prementes

Um assunto, que nem chegou a ser, foi a TAP que num dia anuncia a compra de 50 automóveis de luxo no valor aproximado de 3 milhões de euros (50 unidades x média de 60 mil euros) quando é do conhecimento geral que a transportadora nacional está em extrema dificuldade, com os portugueses a cumprir um resgate financeiro de 3,2 mil milhões de euros. Valeu o recuo, talvez por uma questão de bom-senso ou pressionados pela opinião pública, a administração da TAP voltou atrás na pretensão e mantém o negócio suspenso por um ano mas, possivelmente, concretizá-lo-á em 2023. A empresa afirma que até pouparia dinheiro com os carros novos mas a questão não é essa. A questão é: porque raio a TAP oferece carros de luxo aos seus administradores quando quem lhes paga a dívida é obrigado a comprar um Fiat, um ford, um Opel ou então desloca-se de transporte pública para o emprego? Não faz sentido, é simplesmente obsceno! O problema da TAP já me parece estrutural e não se resolve com gestores estrangeiros mas sim com um gestor que saiba dizer basta. Está visto, pública ou privada a TAP comerá sempre à mesa dos portugueses.

Ato de governação corajosa. No passado mês de Setembro o Presidente do Quénia, William Ruto anunciou que vai implementar um sistema fiscal mais justo com impostos mais elevados sobre as grandes fortunas e reduzindo-o para as pequenas empresas. Não será um exemplo a seguir de um Presidente de um país considerado atrasado face aos superdesenvolvidos países europeus?

Pedofilia. O tema não é novo mas quando a fé é cega, surda e muda permite os mais diversos atropelos à lei terrena, atribuindo o castigo a uma hipotética justiça divina. Não é de agora que ouvíamos falar que nos Seminários e Conventos aconteciam abusos entre instruendos e instrutores e entre padres e freiras, comentados à boca pequena mas ninguém se atrevia a comentar em voz alta porque o padre era um “ministro de Deus”. Os próprios lesados nem se atreviam a denunciar porque se queriam seguir a vida eclesiástica teriam que ser “mudos” os superiores tinham que ser “surdos” e os observadores tinham que ser cegos. Por isso só agora as denuncias aparecem porque, felizmente, as mentes foram-se abrindo e os cristãos começam a compreender que os padres são terrenos e suscetíveis de errar como qualquer mortal. Culpados? Somente a Igreja porque numa atitude extremamente conservadora nunca permitiu que os padres casassem, porém hoje é obrigada a admitir que tem no seu seio padres pedófilos.

A guerra russa. Os crimes de guerra sucedem-se em catadupa e ninguém consegue travar esse derramamento de sangue porque isso depende apenas da vontade dos senhores da guerra. A guerra está para o Mundo como os grandes grupos económicos, enquanto os primeiros usam e abusam do poderio militar para ceifar vidas inocentes, os segundos abusam do poder do dinheiro para matar lentamente, através da fome e da doença, milhões de pobres em todo o mundo através do controlo do poder económico. São tão assassinos como aqueles que mandam disparar mísseis. Os restantes, os que não têm a força das armas ou do dinheiro apenas podem observar o desenrolar dos acontecimentos e esperar que lhes caia em cima as nefastas consequências. Não é a força da razão mas sim a força das armas de Putin que permitiu fazer um referendo ridículo nos territórios ocupados de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson. Este homem de mente doentia já se permite desafiar os países aliados da NATO com uma guerra nuclear. Será que está convencido que tem uma estrutura militar que lhe permita vencer os países aliados ou será que não percebeu que num caso desses, na Rússia não ficará pedra sobre pedra? Aliás, o próprio Borrell, chefe da diplomacia europeia, já deu a entender que isso seria um pretexto para aniquilar o exército russo sem ser necessário recorrer a uma guerra nuclear. A teimosia estúpida de Putin, de reagrupar a antiga URSS levará à destruição da Federação Russa.

Estas e outras, são ameaças veladas que o Mundo enfrenta.