O mundial de futebol já está manchado...
A «festa mundial» do campeonato de futebol terá lugar, nem daqui a um mês, no Catar. Lá construíram-se de raiz vários estádios com o trabalho operário de, sobretudo imigrantes asiáticos sujeitos a condições desumanas de semi-escravatura. Números reais, não oficiais, afiançam terem morrido em acidentes de trabalho - aproximadamente 7 000 operários!
Há muitos, muitos trabalhadores com salários em atraso e outros que nem chegam a ver a cor do dinheiro... some-se a recusa em lhes concederem dias de descanso semanal e os que recebem salário têm dificuldade em viver.
A Amnistia Internacional reclama, e muito bem, uma soma de 433 milhões de euros para um fundo que se destina a apoiar as famílias dos operários que morreram e de tantos que ficaram marcados por acidentes de trabalho.
A Federação Internacional de Futebol (FIFA), arrecadará pelas receitas deste torneio cerca de 6 mil milhões de euros!, tendo a obrigação mais do que moral em contribuir para com aquele fundo solidário. O presidente da FIFA teve o deplorável cinismo de desvalorizar aqueles milhares de mortos (!).
Os desgraçados (sem ofensa) trabalhadores são obrigados a pedir autorização ao patrão para mudar de emprego ou sair do país. A sua vinculação contratual é semi-esclavagista. O Catar também é um país de escravocratas.
Desde novo que gosto de ver futebol e joguei, mas não posso compactuar nem pelo visionamento à distância dos jogos transmitidos pela televisão.
Seria aviltante, ver estádios onde se realizam os jogos, sabendo que se encontram manchados de sangue!
Vítor Colaço Santos