“Perplexo”

Foi como António Costa (AC) se sentiu com as críticas após o seu rotundo falhanço em convencer Macron a aceitar a construção do gasoduto através dos Pirinéus (Midcat), conforme o princípio de acordo (PA) estabelecido em 2015 entre Portugal, Espanha, França e UE e que já nessa altura tinha como principal objetivo reduzir a enorme dependência energética da Rússia por parte da UE. Se o referido projeto tivesse avançado permitiria a Portugal revender para a Europa não só o gás natural que importa por via marítima e depois é transformado para consumo em Sines, mas também vender eletricidade verde com a criação de novas interconexões elétricas com a Europa. Passados 7 anos após o PA, tantos quantos a governação de AC, nada foi feito e só recentemente é que AC se deu conta que tinha de convencer Macron a alinhar com Portugal e Espanha pondo de lado o interesse estratégico da França no que a este assunto diz respeito. Como foi óbvio Macron defendeu em 1º lugar o interesse do seu país e não se importou de assinar um novo princípio de acordo (NPA) que pôs completamente de lado o Midcat e passou a privilegiar a política energética da França, cujo interesse primordial não é revender gás natural importado mas produzir hidrogénio verde para exportar para a Europa e aproveitar ao máximo a sua capacidade nuclear para produção de eletricidade, ainda muito longe do limite, para vendê-la à Europa, enquanto o hidrogénio verde é ainda uma miragem. Macron com este NPA disse a Portugal e à Espanha que poderão continuar a entreter-se com esta história de revender gás natural importado, mas que os 7, 8 ou mais anos que o NPA demorará a ser implementado, se não lhe acontecer o mesmo que ao Midcat, permitirão à França rentabilizar melhor a produção nuclear de eletricidade e porventura produzir hidrogénio verde economicamente viável para vender à Europa, nomeadamente a Portugal e Espanha utilizando os gasodutos previstos no NPA. “Perplexo”? AC esperava elogios pelo seu fiasco?

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