Novo Governo sérvio toma posse seis meses depois das eleições
O novo Governo da Sérvia foi hoje empossado após obter formalmente a aprovação do parlamento, cerca de seis meses depois de umas eleições que reafirmaram o domínio do chefe de Estado sérvio, Aleksandar Vucic, e dos populistas de direita.
A votação na assembleia de 250 assentos parlamentares foi de 157 votos a favor e 68 contra. Os restantes 25 deputados estiveram ausentes.
O novo Governo será liderado por Ana Brnabic, que cumprirá o terceiro mandato consecutivo como primeira-ministra, e terá de lidar com os pedidos do Ocidente para a implementação de sanções contra Rússia devido à guerra na Ucrânia e estabilize as relações com o Kosovo -- se quiser fazer parte da União Europeia (UE).
O novo Executivo é composto por 28 ministros, incluindo alguns pró-russos, como o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ivica Dacic.
Entretanto, também tem funcionários considerados pró-ocidentais, mas vão liderar ministérios menos proeminentes que terão pouco a dizer sobre as futuras decisões de política externa da Sérvia.
Vucic, que lidera o partido no poder Partido Progressista Sérvio (SNS, na sigla sérvia) e tem influência quase total em todas as políticas do Governo, disse que tem "confiança ilimitada" em Brnabic, de 47 anos, que se tornou a primeira mulher primeira-ministra -- e abertamente homossexual -- da Sérvia em 2017.
No seu discurso inaugural, Brnabic tentou minimizar as alegações de que o novo Governo é pró-Rússia ou pró-Ocidente.
"Estamos a construir uma Sérvia europeia e a própria adesão [à UE] certamente não depende de nós", disse a chefe de Governo.
"A Sérvia também continuar a investir nas suas amizades com outros países", acrescentou, numa aparente referência à Rússia e à China.
Embora a sua maior parte do comércio exterior seja com os Estados-membros da UE, a Sérvia é quase totalmente dependente do gás russo e comprou armas à Rússia, enquanto a China é o grande investidor no país.
Vucic, um ex-ultranacionalista antiocidental, disse que quer levar a Sérvia para a UE, mas recusou-se a aderir às sanções contra a Rússia e mantém relações amigáveis com Moscovo, apesar da guerra na Ucrânia.
O alinhamento das políticas externas com as da UE continua a ser um dos principais pré-requisitos para a Sérvia aderir ao grupo dos 27.
A Rússia exerce uma forte influência política na Sérvia, considerada a aliada mais forte de Moscovo.
Há receio no Ocidente de que Moscovo esteja a usar Belgrado para desestabilizar os Estados vizinhos nos Balcãs, que ainda sofrem com as guerras devastadoras dos anos de 1990.