Zelensky saúda "tendência positiva" nas relações com Israel
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, saudou hoje uma "tendência positiva" nas relações com Israel, após uma partilha de informações secretas entre os dois países sobre os "400 'drones' iranianos" utilizados pela Rússia na sua ofensiva.
"Estamos, portanto, no início da cooperação, é uma tendência positiva nas relações com Israel", declarou Zelensky, numa conferência de imprensa em Kiev com o seu homólogo da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.
"Estou satisfeito com os últimos dias: começámos a trabalhar", sublinhou ainda, indicando que, na sua opinião, "todos querem relações mais calorosas" entre os dois países.
Zelensky observou, contudo, que "neste momento, isso não é suficiente".
"Israel é um Estado que sabe em profundidade (...) o que realmente é a guerra, e penso que deveria apoiar mais a Ucrânia", instou, perante a imprensa.
"Os dados obtidos pelos serviços secretos que estamos agora a trocar confirmam, mais uma vez, o que os nossos serviços já sabiam: cerca de 400 'drones (veículos aéreos não-tripulados) já foram utilizados contra a população civil ucraniana" pela Rússia, indicou.
Segundo Zelensky, "entre 60% e 70% deles foram abatidos" pela defesa antiaérea ucraniana.
Os Estados Unidos asseguraram na semana passada que militares iranianos estão no terreno na Crimeia fornecendo assistência técnica às tropas russas para lançarem 'drones' de fabrico iraniano contra a Ucrânia, segundo referiu um dos porta-vozes da Casa Branca, John Kirby.
As acusações de Washington juntam-se às denúncias da NATO sobre o fornecimento de aeronaves não tripuladas iranianas à Rússia, que as utiliza na Ucrânia, e às sanções que a União Europeia (UE) impôs a três pessoas e a uma empresa iranianas responsáveis pelos 'drones'.
"A informação que possuímos é que eles [os militares iranianos] estão a entrar e a fornecer apoio técnico para o uso desses 'drones'", indicou Kirby em conferência de imprensa.
Teerão e Moscovo negaram várias vezes nos últimos dias tais acusações.
Ao seu lado na conferência de imprensa, Sissoco, presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), afirmou que o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, que visitou na terça-feira, "expressou a ideia de estar disposto a negociar com o Presidente Zelensky".
Volodymyr Zelensky rapidamente afastou qualquer hipótese de negociações com Moscovo enquanto o exército russo "atacar as infraestruturas" ucranianas.
"Comecemos por desbloquear pelo menos o mar Negro", propôs, acusando Moscovo de deliberadamente atrasar a partida de 170 navios destinados ao transporte de cereais desde a Ucrânia para muitos países de África e da Ásia.
"O desejo de falar do Presidente russo não passa, penso eu, de retórica preparada", acrescentou.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 245.º dia, 6.374 civis mortos e 9.776 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.