Resposta humanitária da ONU na Venezuela limitada por baixo financiamento
O baixo financiamento está a limitar a resposta humanitária das Nações Unidas para a Venezuela, segundo um relatório divulgado hoje pelo Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).
"O baixo nível de financiamento limita a realização dos objetivos e a qualidade da resposta, assim como a implementação de intervenções que apoiam os meios de subsistência e a resiliência das comunidades", explica o relatório Monitorização da Resposta 2022.
Segundo o documento, 1,5 milhões de pessoas, muito abaixo da população-alvo de 5,2 milhões de pessoas, receberam entre janeiro e junho "algum tipo de assistência humanitária", principalmente em "saúde e água, saneamento e higiene, graças a intervenções em instituições públicas e infraestruturas que permitem uma ampla cobertura".
Até ao início de outubro, tinham sido recebidos 165 milhões de dólares (sensivelmente o mesmo valor em euros) para ações humanitárias, incluindo 130,8 milhões de dólares para o Plano de Resposta Humanitária, 16,5% dos fundos necessários para este ano, explica a agência da ONU.
Segundo o OCHA, "com a publicação do Plano 2022-23, espera-se que sejam mobilizados mais recursos para a resposta humanitária, incluindo recursos para desenvolver intervenções que reforcem os meios de subsistência e a resiliência das comunidades".
O documento refere que entre janeiro e junho de este ano, em oito regiões tidas como prioritárias, "um terço da população" foi beneficiada, com maior percentagem em Bolívar (65%), Delta Amacuro (49%) e Sucre (41%).
Falcón e Apure são as regiões priorizadas com menor cobertura, sendo alcançados apenas 19% da população, explica.
Segundo a OCHA, continuam a registar-se "demoras nos processos logísticos de distribuição global e o aumento dos custos das matérias-primas, para além das dificuldades nos processos de importação, o que torna mais lento o fornecimento atempado de bens humanitários".
Por outro lado, "persistem lacunas na disponibilidade de abastecimentos nutricionais e de saúde, para a prevenção e tratamento da malnutrição", o que "tem limitado a cobertura e continuidade dos programas de nutrição".
O valor requerido para assistência na Venezuela, em 2022, é de 795 milhões de dólares norte-americanos.
Em 05 de setembro último, a Plataforma de Coordenação Interagências para Refugiados e Migrantes da Venezuela (R4V), da ONU, elevou de 6,15 milhões para 7,1 milhões o número de venezuelanos que nos últimos anos abandonaram o seu país fugindo da crise política, económica e social local.