PAN pede mais medidas de apoio às famílias, Costa espera "encontro" na especialidade
O PAN pediu hoje ao Governo mais medidas de apoio extraordinário às famílias, devido ao aumento do preço dos bens alimentares essenciais, com o primeiro-ministro a responder que espera encontrar "um ponto de encontro" na especialidade com este partido.
Na primeira intervenção no debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2023, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, não anunciou ainda como votará na quinta-feira a proposta do Governo, depois de se ter abstido no documento para 2022.
A deputada única levou para o debate um pacote de massa, um quilo de laranjas e um molho de brócolos -- indicando os preços e os aumentos na última semana - para ilustrar que a subida do custo dos bens essenciais tem sido muito superior à média da inflação.
"Como é que perante uma refeição completa que custa mais de cinco euros não há abertura para discutir medidas extraordinárias como a redução para zero do IVA no cabaz essencial?", questionou.
Inês Sousa Real apelou ainda ao Governo que contemple uma redução do IVA nos serviços médico-veterinários.
"Quando é que vamos de facto estender a mão às famílias portuguesas? Está ou não disponível para trabalhar estas medidas com o PAN na especialidade"?", perguntou ainda.
Antes de dar a palavra ao primeiro-ministro para responder, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, deixou um reparo à deputada Inês Sousa Real por ter trazido bens alimentares para o debate.
"Sabe que a linguagem se inventou para podermos falar das coisas sem ter necessariamente de mostrar as coisas", disse, provocando risos no hemiciclo.
Na resposta ao PAN, o primeiro-ministro assegurou que, "tal como no passado", o Governo terá "plena disponibilidade para discutir com o PAN as propostas que venha a apresentar na especialidade.
"Para que, com esforço de boa vontade e boa-fé possamos encontrar um ponto de encontro. Espero que nos encontremos na especialidade", afirmou António Costa.
o chefe do Governo admitiu que o país está a sofrer "um choque inflacionista brutal", realçando que não resulta de políticas internas, mas de circunstâncias externas como a guerra da Ucrânia.
António Costa manteve a previsão do Governo para a inflação que tem apontado para este ano -- 7,4% - e a previsão de que esta vai "começar a desacelerar" em 2023.