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Crise energética poderá colocar em causa metas do PRR nos Açores

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A crise energética e a dificuldade de acesso a matérias-primas, poderá colocar em causa o cumprimento de algumas metas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) nos Açores, admitiram hoje os membros do Conselho Económico e Social (CESA) da região.

"Nós sabemos que estamos a atravessar uma crise energética, ao nível do fornecimento de matérias-primas e de componentes. Não está fácil encontrar matérias-primas, nem bens e serviços necessários para cumprirmos as nossas metas", reconheceu Alexandra Bragança, membro do CESA, ouvida pela Comissão de Economia do parlamento açoriano.

Aquela responsável adiantou ainda que "o cenário é difícil" relativamente ao cumprimento de algumas metas do PRR-Açores, sobretudo no ano de 2023, e adiantou que, nestas circunstâncias, "o que se vislumbra é que possa vir a haver constrangimentos".

Alexandra Bragança falava numa audição parlamentar realizada a pedido da bancada do PS na Assembleia Legislativa dos Açores, que requereu a presença "urgente" dos membros do CESA no parlamento, depois daquele órgão colegial independente, de caráter consultivo, ter feito uma avaliação negativa sobre a execução do PRR nas ilhas.

Segundo explicou a membro do CESA, as suas preocupações estão relacionadas, sobretudo, com as metas do Grupo B do PRR, que alegadamente estarão mais atrasadas no arquipélago, uma vez que, em relação ao Grupo A, as metas definidas pela região já estarão "todas cumpridas".

"As metas do Grupo A, até ao momento, estão todas cumpridas. Portanto, foram estas metas que garantiram os pedidos de reembolso à União Europeia. Não há motivos para grandes sobressaltos", asseverou Alexandra Bragança.

Apesar disso, Gualter Furtado, presidente do CESA, admitiu na mesma audição aos deputados, estar preocupado com a operacionalização e cumprimento de algumas medidas previstas no PRR, sobretudo as que estão relacionadas com a recapitalização das empresas açorianas, para a qual está reservada uma verba de 125 milhões de euros.

"A operacionalização disto, que devia ir a concurso do Banco de Fomento, é público e toda a gente sabe, que também está a ajudar pouco nesta conjuntura", disse Gualter Furtado, referindo-se às dificuldades já reconhecidas pelo Governo Regional, de colocar em prática, junto daquela instituição de crédito, um mecanismo que permita às empresas aceder aqueles valores.

O presidente do CESA referiu-se ainda a uma outra meta prevista no PRR-Açores, que tem a ver com a formação de adultos, que reconheceu que estar longe de ser alcançada, provavelmente pelo desconhecimento dos cidadãos relativamente a este projeto.

"É preciso ir para a rua, ir para as escolas, ir para as universidades! Tem de haver uma maior interligação com as escolas de formação profissional, por que esta ação pode ficar comprometida", avisou Gualter Furtado, que defende uma maior divulgação, por parte do executivo de coligação (PSD, CDS-PP e PPM), deste género de programas.

Os deputados do Partido Socialista na Assembleia Legislativa dos Açores requereram a audição urgente do presidente do CESA e do secretário regional das Finanças, Duarte Freitas (prevista para esta quarta-feira), depois das preocupações manifestadas pelo Conselho Económico e social sobre o relatório de execução do PRR relativo ao 2º trimestre deste ano.