Rishi Sunak promete consertar erros de Liz Truss
O novo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, prometeu hoje consertar os "erros cometidos" por Liz Truss, colocando a "estabilidade económica" no centro de um governo que promete liderar com "integridade, profissionalismo e responsabilidade".
Num discurso no exterior da residência oficial, em Downing Street, Sunak vincou que a antecessora "não estava errada em querer melhorar o crescimento" no Reino Unido.
"É um objetivo nobre. E admirei a inquietação para promover mudanças. Mas foram cometidos alguns erros", reconheceu, acrescentando ter sido eleito "em parte para os corrigir".
Sunak prometeu "colocar a estabilidade económica e a confiança no centro da agenda do governo" e isso, avisou, "significará tomar decisões difíceis".
Lembrando a experiência como ministro das Finanças durante a pandemia covid-19 na formulação de políticas para apoiar famílias e empresas, disse que vai aplicar a "mesma compaixão para os desafios que enfrentamos hoje".
Porém, também se mostrou determinado em "não deixar a próxima geração, os vossos filhos e netos, com uma dívida para saldar que fomos demasiado fracos para nos pagar a nós próprios".
O novo primeiro-ministro britânico propôs-se a ganhar a confiança dos britânicos com um governo que atuará com "integridade, profissionalismo e responsabilidade a todos os níveis".
Sunak fez ainda uma referência ao antigo primeiro-ministro Boris Johnson, que desistiu de concorrer à liderança do Partido, "pelo carinho e generosidade de espírito", mas reivindicou a legitimidade para chefiar o Governo britânico.
"O mandato que o meu partido ganhou em 2019 não é propriedade exclusiva de nenhum indivíduo", argumentou, comprometendo-se a cumprir o programa eleitoral de proteger o serviço de saúde público, melhorar as escolas e a segurança nas ruas, controlar a imigração, proteger o ambiente e apoiar as forcas armadas.
Quer ainda "construir uma economia que abrace as oportunidades de Brexit, onde as empresas invistam, inovem, e criem empregos".
"Tudo o que posso dizer é que não estou intimidado. Eu percebo o alto cargo que aceitei e espero estar à altura das exigências. Mas quando surge a oportunidade de servir, não se pode questionar a oportunidade, apenas a vontade", disse.
Sunak afirmou estar "preparado para conduzir" o país colocando as necessidades dos britânicos "acima da política" e manifestou-se determinado em "criar um futuro digno dos sacrifícios que tantos fizeram e preencher amanhã e todos os dias depois com esperança".
Rishi Sunak tornou-se oficialmente primeiro-ministro britânico esta manhã após uma audiência com o Rei Carlos III no Palácio de Buckingham, em Londres.
Sunak foi recebido pelo monarca, que, enquanto chefe de Estado, tinha aceitado minutos antes a demissão de Liz Truss, e foi encarregado de formar um novo governo enquanto líder do partido com maioria parlamentar.
Rishi Sunak é o terceiro primeiro-ministro britânico desde o início do ano e o quinto a chegar ao cargo em seis anos.
Descendente de imigrantes indianos, é também o primeiro líder de ascendência indiana da história do Reino Unido e o primeiro praticante da religião hindu.
Sunak, de 42 anos, é ainda o líder britânico mais jovem em mais de 200 anos, um ano mais novo do que David Cameron em 2010 e Tony Blair em 1997.
Foi escolhido líder do Partido Conservador depois de se ter tornado o único candidato a reunir os 100 apoios requeridos de colegas deputados.
Sunak derrotou a rival Penny Mordaunt e o antigo chefe Boris Johnson, que regressou de umas férias nas Caraíbas para tentar engendrar uma candidatura que permitisse o regresso ao cargo abandonado em julho, mas não conseguiu obter apoio suficiente.
Como principais prioridades, Sunak tem a recuperação da economia britânica que caminha para uma recessão e restaurar a popularidade dos 'tories' após o breve e tumultuoso mandato de Liz Truss.
Truss partiu exatamente sete semanas após a nomeação como primeira-ministra pela rainha Isabel II. A rainha morreu dois dias depois.
Nas próximas horas, o novo primeiro-ministro vai nomear os principais ministros de um governo que Sunak prometeu irá representar as diferentes fações dos 'tories', numa tentativa de unir um partido desmoralizado e dividido e que está muito atrás da oposição nas sondagens de opinião.
Sunak terá também de ultimar os detalhes do plano fiscal que vai estabelecer a forma como o Governo pretende encontrar milhares de milhões de libras (euros) para tapar um buraco fiscal criado por uma inflação crescente e uma economia estagnada, e exacerbado pelas políticas económicas desestabilizadoras de Truss.
O plano, que deverá incluir aumentos de impostos e cortes de despesas, vai ser apresentado no parlamento na segunda-feira pelo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, se Sunak o mantiver no cargo.