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Aliado de Jair Bolsonaro resiste a ordem de prisão e fere polícias

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O ex-deputado Roberto Jefferson, aliado do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, resistiu ontem a uma ordem de prisão e disparou em dois polícias federais na cidade de Comendador Levy Gasparian, no estado do Rio de Janeiro.

O próprio ex-deputado gravou e divulgou vídeos dizendo que a polícia tentou prendê-lo, mas que não se entregaria, disparando sobre os agentes. Fontes citadas pelos 'media' acrescentaram que também terá lançado granadas contra os polícias.

"Eu não vou me entregar. Eu não vou me entregar porque acho um absurdo. Chega, me cansei de ser vítima de arbítrio, de abuso. Infelizmente, eu vou enfrentá-los", disse Jefferson num vídeo.

Pelo menos dois polícias, um delegado e uma agente, foram feridos, sem gravidade, de acordo com os 'media' locais.

O ex-deputado ainda não se rendeu às autoridades policiais, segundo informações da comunicação social local.

"Determinei a ida do ministro da Justiça ao Rio de Janeiro para acompanhar o andamento deste lamentável episódio", escreveu Jair Bolsonaro na rede social Twitter.

Roberto Jefferson tentou candidatar-se à Presidência do Brasil pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), mas a sua candidatura foi recusada pela Justiça. Então colocou o seu candidato à vice-presidência, padre Kelmon, que se auto declara integrante da Igreja Ortodoxa, no seu lugar liderando a campanha do PTB.

O padre Kelmon apoia Jair Bolsonaro desde a primeira volta do sufrágio, defendeu o Presidente e o Governo em debates, e frequenta eventos de campanha do atual governante. No sábado, esteve em Guarulhos num ato de campanha ao lado de Bolsonaro.

Aliado do chefe de Estado, Jefferson é investigado no inquérito que apura atividades de uma organização criminosa que teria agido para atentar contra o Estado Democrático de Direito e cumpria prisão domiciliar.

O ex-parlamentar seria novamente preso por incumprir uma ordem judicial que o proibia de usar redes sociais depois de aparecer num vídeo divulgado nestas plataformas em que fazia críticas ao sistema judiciário e chamou a juíza do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmen Lúcia de prostituta.

Depois do incidente, os dois candidatos à Presidência da República, Jair Bolsonaro e Luís Inácio Lula da Silva manifestaram-se sobre o caso.

"Repudio as falas do Sr. Roberto Jefferson contra a ministra Carmen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF [Polícia Federal]", escreveu Bolsonaro no Twitter.

Na sequência, porém, o Presidente brasileiro fez na mesma mensagem uma crítica ao inquérito que motivou a prisão do aliado, afirmando repudiar também "a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP [Ministério Público]".

Já Lula da Silva disse a jornalistas, ao ser questionado sobre o caso, que a reação de Jefferson "não é um comportamento normal, não é um comportamento adequado".

"Não sei o que ele [Jefferson] falou, não sei se está fazendo uma 'live', o que está falando. O que eu sei é que não é um comportamento adequado, não é um comportamento normal", afirmou o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT).

"As ofensas que esse cidadão, que eu prefiro não citar o nome, fez à juíza Cármen Lúcia, não é possível de ser aceite por quem ama a democracia, que gosta da verdade. Ninguém tem o direito de utilizar os palavrões que ele utilizou contra uma pessoa comum, muito menos contra uma pessoa que exerce o cargo de juíza do Supremo Tribunal Federal", acrescentou.

Anos antes de se tornar defensor e aliado de Bolsonaro, Jefferson apoiou Lula da Silva e acabou preso por ter participado de um esquema de compra de votos no Congresso conhecido como "Mensalão".

A segunda volta das eleições brasileiras, disputada por Jair Bolsonaro e Lula da Silva, acontece em 30 de outubro.