Boris Johnson desiste de nova candidatura a primeiro-ministro
O antigo primeiro-ministro Boris Johnson indicou hoje que não será candidato à sucessão de Liz Truss, deixando o caminho para o favorito Rishi Sunak.
Johnson alega que tinha o apoio de 102 colegas deputados, suficientes para se qualificar, mas que concluiu que "não se pode governar eficazmente se não se tiver um partido unido no Parlamento".
Nos últimos dias a imprensa britânica especulou sobre um possível regresso de Johnson à política ativa e o ministro da Economia, Jacob Rees-Mogg, disse hoje à BBC que "é evidente que ele vai candidatar-se".
"Creio que estou bem posicionado para obter uma vitória Conservadora [numas eleições legislativas] em 2024 - e esta noite posso confirmar que alcancei o altíssimo obstáculo de 102 nomeações", referiu Johnson, num comunicado.
O antigo primeiro-ministro afirmou também acreditar existir "uma boa hipótese de ser bem-sucedido nas eleições com militantes do Partido Conservador - e de poder estar de volta a Downing Street na sexta-feira".
No entanto, acrescentou: "No decurso dos últimos dias cheguei tristemente à conclusão de que isto simplesmente não seria a coisa certa a fazer. Não se pode governar eficazmente a menos que se tenha um partido unido no Parlamento".
"Creio que tenho muito para oferecer, mas receio que este não seja simplesmente o momento certo", concluiu, prometendo o apoio ao vencedor.
Nos últimos dias, vários ministros e adeptos leais manifestaram apoio a Johnson, como as antigas ministras Nadine Dorries e Priti Patel e o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros James Cleverly.
Porém, outros aliados como os eurocéticos Theresa Villiers e Steve Baker, o antigo negociador do 'Brexit' David Frost ou a antiga ministra do Interior Suella Braverman indicaram favorecer Rishi Sunak.
Baker lembrou que continua em curso um inquérito parlamentar sobre se Johnson mentiu aos deputados quanto ao conhecimento das "festas" em Downing Street durante a pandemia, pelo que o regresso seria um "desastre garantido".
O secretário de Estado da Igualdade Nadhim Zahawi, que tinha indicado apoio a Johnson, disse esta noite na rede social Twitter que "dadas as notícias de hoje, é evidente que devemos virar-nos para Rishi Sunak para que se torne no nosso próximo primeiro-ministro".
"Rishi é imensamente talentoso, comandará uma forte maioria no grupo parlamentar do Partido Conservador, e terá o meu total apoio e lealdade", prometeu.
Esta decisão deixa o caminho aberto ao antigo ministro das Finanças Rishi Sunak, que o 'site' Guido Fawkes calcula ter garantido mais de 157 manifestações de apoio, contra 76 de Boris Johnson e 28 de Penny Mordaunt.
Só Sunak e Mordaunt é que confirmaram até agora formalmente a candidatura. O prazo para apresentar a documentação é segunda-feira às 14:00 locais (mesma hora em Lisboa).
Se só se qualificar um candidato, este será declarado vencedor. Se existirem dois finalistas, a escolha poderá ir aos militantes, com a votação a terminar na sexta-feira, quando o vencedor será anunciado.
A primeira-ministra britânica, Liz Truss, demitiu-se na quinta-feira devido ao crescente descontentamento com o Governo, mas mantém-se em funções até ser escolhido um sucessor. ???????
Truss foi declarada vencedora em 05 de setembro da eleição interna no partido Conservador para suceder a Boris Johnson, pelo que permaneceu apenas em funções durante seis semanas.
Sunak foi o finalista vencido na mesma eleição e Mordaunt a terceira mais votada.
O novo líder do Partido Conservador será indigitado pelo Rei Carlos III chefe do Governo pois os 'tories' mantêm uma maioria absoluta.