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Apoiantes de Lula da Silva manifestam-se em Paris

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Cerca de 400 pessoas alertaram hoje, numa manifestação em Paris, para os perigos de um segundo mandato de Jair Bolsonaro, defendendo o voto em Lula da Silva, para restabelecer os direitos humanos e retomar o progresso social no Brasil.

"Eu estou cá pelo povo brasileiro, tudo aquilo que começámos a construir no Brasil em termos de políticas públicas com o Lula as coisas iam avançando e retrocedemos aos anos 80 com Bolsonaro. Em tudo, direitos humanos, direitos das mulheres, direitos das crianças, éramos exemplos para o Mundo e estamos perdendo tudo", disse Anita, brasileira do Rio Grande do Sul que vive há quatro anos em Paris, em declarações à Agência Lusa.

Anita esteve hoje presente na manifestação da Place Nation, juntamente com centenas de brasileiros, que animados pelo ritmo do samba iam gritando "Fora Bolsonaro" e "Olé, olé, olá, Lula". Para quem aqui veio, a escolha no segundo turno que decorre no dia 30 de outubro, é óbvia, por todas as razões.

"Eu sou petista e pelo Lula, mas a situação vai além da política, é também uma questão de sobrevivência da democracia do Brasil. Estamos a falar de uma pessoa perigosa e que não pode ficar mais quatro anos no Governo", opinou Fátima.

A viver há 27 anos em França, esta brasileira instalada na região parisiense explicou ter visto a imagem do seu país degradar-se após a chegada ao poder de Jair Bolsonaro, em 2019.

"A imagem do Brasil degradou-se muito, na época dos anos Lula há uma diferença porque as pessoas aqui queriam começar a aprender português, não para viver como um estrangeiro lá, mas verdadeiramente para investir e para trabalhar. Isso parou tudo, o que eu vejo nos franceses agora é perplexidade", descreveu Fátima.

A manifestação foi organizada pela coligação Solidarité Brésil, composta por várias associações brasileiras e francesas, que estão preocupadas com a possibilidade de uma vitória de Jair Bolsonaro do outro lado do Atlântico.

"O Brasil é hoje visto como um país preocupante por várias razões. Desde logo porque a Amazónia fica no Brasil, há uma diversidade de população no Brasil que está a ser atacada há quatro anos. Portanto, a perceção é que a situação no Brasil piorou muito, colocando em perigo o resto do Mundo, porque a Amazónia está a chegar a um ponto de não retorno", indicou Glauber Sezerino, que integra a associação Autres Brésils.

Nos últimos anos, Glauber Sezerino, que vive em França desde 2008, assistiu ao aumento do número de brasileiros que procuram o país para fugir à atual situação no Brasil.

"Há muitas pessoas que saíram, principalmente quem tinha condições de sair. Quem conseguiu estudar fora do Brasil, veio, quem conseguiu ser transferido no trabalho também. Mas há toda uma população que não consegue sair. Em 2008 havia cerca de 14 mil eleitores em França, hoje temos 22 mil, o número quase dobrou", explicou.

França foi o país onde os brasileiros no estrangeiro mais votaram em Lula da Silva na primeira volta das eleições, com 77,5% dos nacionais que votaram em Paris a terem escolhido o antigo presidente do PT. Assim, um cenário de reeleição de Jair Bolsonaro parece "impensável" para franceses e brasileiros.

"É impensável que o Brasil não volte daqui a alguns dias ao caminho da democracia, da ecologia, do progresso social, do respeito pura e simplesmente que devemos uns aos outros. Tentaremos de todas as maneiras que pudermos ajudar-vos", disse Emmanuel Gregoire, vereador-adjunto da Câmara de Paris, que também marcou presença na manifestação.

Lula da Silva é cidadão honorário de Paris, tendo recebido apoio político da autarca socialista Anne Hidalgo durante os anos de prisão. Antes de lançar oficialmente a sua candidatura, Lula da Silva esteve em França onde encontrou várias figuras políticas, mas também vários atores económicos e empresas francesas.