“Não deve de ter havido, na Região, uma única obra pública, que não tenha tido alguma contestação”
Pedro Calado responde a quem contesta a construção de um parque de estacionamento no Largo do Município
É a resposta do presidente da CMF à crescente contestação à construção de um parque de estacionamento subterrâneo, no Largo do Município. “Não deve de ter havido, na Região, uma única obra pública, que não tenha tido alguma contestação. Quando foi o teleférico houve contestações, quando foi o hospital, também houve contestações, quando foi da via rápida, houve contestações. Vai haver sempre contestações às obras.”
Pedro Calado regia às críticas, depois de noticiarmos, na edição de hoje, a existência de uma petição, que reúne quase três centenas de assinaturas, contra a construção do parque.
Recuperação de cirurgias alargada a todos os doentes
Recuperação de cirurgias alargada a todos os doentes é o assunto que faz manchete no DIÁRIO deste sábado. Programa do SESARAM, criado para dar resposta aos diagnósticos das especialidades consideradas prioritárias, passa agora a integrar os pacientes que estão há mais tempo nas listas de espera. Este ano já foram realizadas 2 mil operações, num investimento de 3,2 milhões de euros. Leia mais na página 10.
A grande preocupação dos signatários é a existência de potenciais danos para o conjunto de edifícios históricos, que circundam a Praça. Uma inquietação que não exclui a preocupação com o facto de um estacionamento naquele local atrair mais automóveis para o centro da cidade. Pedro Calado responde aos dois.
“O que nós temos de estar cientes é que o objectivo é (…) a melhoria da qualidade de vida da população. Nós temos todo o respeito e vamos exigir, às empresas que estiverem lá a fazer o trabalho, que respeitem o património edificado.”
O presidente da CMF sentiu necessidade de afirmar o óbvio.
“Ninguém pretende fazer um estacionamento para dar cabo do património edificado. Isso era uma loucura. Ninguém vai fazer. Há que respeitar esse património. Vão ser salvaguardadas todas essas situações e vamos fazer aquilo que, em todas as cidades, é feito.” Pedro Calado
Pedro calado deu exemplos do que é feito nas maiores cidades do País. “Na cidade de Lisboa, há estacionamento subterrâneo. Na cidade do Porto, há estacionamento subterrâneo. Na cidade de Braga, há estacionamento subterrâneo. E todas estas cidades também têm património edificado.”
E justificou a necessidade, identificada pelo seu executivo, para construir um parque na Praça do Município. “Se nós queremos mais estacionamento, se queremos privilegiar o acesso ao comércio local, dar qualidade de vida à população, alguma coisa tem de ser feita. Temos de fazer obras e temos de melhorar.”
O presidente da Câmara concretizou um pouco mais do projecto pensado: “Nós, no projecto, que estamos a prever para o Largo do Município, não se prevê sequer passar do Largo do Município. Não vamos mexer sequer nas infra-estruturas, nem do Museu de Arte Sacra, nem da igreja do Colégio, nem no edifício do Município, nem do edifício onde está o café, o Leque. Será executado única e exclusivamente por baixo do pelourinho (SIC - lapso), do Largo do Município, respeitando o património edificado que lá existe.”
“Se há alguém ou algum executivo que tem tido muito cuidado com a preservação do património, é o nosso. Nós não pretendemos estragar nada. Pretendemos é acrescentar algo e melhorar a cidade. Para isso, e preciso fazer obras e vamos fazê-las, respeitando todas as indicações e tudo aquilo que está feito.” Pedro Calado
“Se nas outras cidades, Braga é um bom exemplo, se consegue fazer estacionamento subterrâneo respeitando o património, com certeza que as empresas não serão diferentes e vamos fazer o mesmo aqui no Funchal.”
"Não ligo a redes sociais"
Já nesta semana, no dia 20 de Outubro, Pedro Calado falou do assunto, em declarações ao JM. Disse que o projecto é para manter, que não liga redes sociais. Também revelou que a ideia é fazer um concurso para construção e exploração por 25 a 30 anos.
“Não abandonei a ideia, é para se manter e não ligo a redes sociais, não perco tempo com isso. As pessoas que vão muito para as redes sociais falar e criticar, são pessoas que nada têm para fazer e não vale a pena perder tempo com isso." Pedro Calado
"Serão entre 300 e 350 lugares subterrâneos no Largo do Município, com investimento privado numa lógica de concessão a longo prazo, de 25/30 anos. Aliás, soluções destas temos em todas as grandes cidades portuguesas.”
“Não vamos tocar no património edificado à volta do Largo e a construção é só mesmo por baixo da zona do Largo e por cima vai ficar exatamente como está agora. Queremos o concurso pronto até final deste ano ou início do próximo. Depois, quem for o vencedor faz a construção e explora.”
Ideia antiga
A ideia de construir um parque de estacionamento subterrâneo no Largo do Município, no Funchal não é nova. Em 2005, na campanha para autárquicas, o candidato do PS à presidência do Município, Carlos Pereira, defendeu-a.
O candidato, em Junho daquele ano, falou em 600 lugares. Em Setembro, havia subido o número para 750 lugares. O argumento era parecido ao actual. “Para garantir apoio ao comércio no centro e maior dinamismo da cidade.”
Mas a ideia já havia e voltou a ser aventada pelos executivos de Miguel Albuquerque no Município. Entretanto, a ideia pareceu ter sido abandonada, até que em Agosto de 2021, foi notícia que o candidato à CMF, Pedro Calado pretendia construir um parque, naquele local, com 1.500 lugares. “Não se pode incentivar o uso do comércio local e depois não ter estacionamentos para automóveis.”
Mais recentemente, tanto ao DIÁRIO como ao JM, e já acusado de incoerência, Pedro Calado veio esclarecer que os 1.500 lugares eram para criar em toda a baixa citadina e não no Largo do Município. Para este, seria entre 300 e 400 lugares.
Em entrevista ao DIÁRIO, no dia 19 de Agosto deste ano, disse. “Não, falámos foi de 1.500 lugares na baixa do Funchal. No Largo do Município serão 250 a 300, mas há outros projectos semelhantes, também para a baixa do Funchal, que vão dar à volta de 1.500 lugares. Ao contrário do que a oposição possa querer fazer passar, nós não queremos trazer mais viaturas para circulação na baixa do Funchal, queremos é que as pessoas tenham capacidade para estacionamento e, depois, circulem a pé, de bicicleta ou de trotinete.”
No mesmo dia, ao JM, João Rodrigues, vereador com o pelouro do Urbanismo da CMF, afirmou que o parque teria de “300 a 400 lugares”.